A contribuição da indústria marítima

Nos próximos anos, o setor representado pela indústria marítima fará relevante contribuição ao processo de desenvolvimento da economia brasileira. O setor formado por quatro segmentos — petróleo e gás offshore, portos, navegação e construção naval — está em expansão, atraindo investimentos, melhorando índices de desempenho e articulando rede de fornecedores de sistemas, equipamentos e serviços.

PETRÓLEO E GÁS OFFSHORE - A produção total operada pela Petrobras atingiu 3,65 milhões de barris de óleo equivalentes, no terceiro trimestre de 2022. O Anuário estatístico da ANP informa que em 2021 o total das reservadas provadas de petróleo atingiram 13,3 bilhões de barris. Localizadas no Rio de Janeiro, 81,9 %; São Paulo, 8,6%; e Espírito Santo, 6,1%. Representando 96,6% das reservas. Outros 3,4% estão no Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe.

Cinco plataformas de produção do tipo FPSO iniciaram ou estão em processo de iniciar operações. Foram assinados os contratos de construção das plataformas para o Búzios 9, 10 e 11. A Oferta Permanente de Partilha registrou em novembro a participação das seguintes petroleiras: Petrobras; Shell; Chevron; BP Energyl; Ecopetrol; Petronas; Qatar Energy; e Total Energy. Além das que já são parceiras de Petrobras ou operadoras de campos próprios de produção.

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Novas áreas de exploração offshore estão previstas. As encomendas de plataformas de produção do Brasil mobilizam as empresas internacionais especializadas na engenharia financeira, no projeto, gestão da construção e na operação de produção. Novas descobertas de campos de produção offshore são anunciados pelas petroleiras. Para garantir o aumento de produção, a Petrobras realiza contratos de longo prazo com sondas de perfuração, navios de construção submarina e assentamento de dutos além de unidades de habitação (Flotel). O volume de contratos resultará no aumento do investimento da Petrobras (Capex), provavelmente com redução dos lucros nos próximos períodos, com a perspectiva de mais lucros com o aumento da produção.

PORTOS - Portos públicos e terminais privados brasileiros movimentaram um total de 1,21 bilhão de toneladas em 2021, crescimento de 4,8% em relação a 2020, segundo a Antaq. Em 2022, importação e exportação se aproximam dos US$ 600 bilhões, cerca de 90% através dos portos. Com a extinção da Portobrás, em 1990, o sistema portuário brasileiro passou por grave crise, forçando a edição da Lei 8.630/1993 de Modernização dos Portos. O IPEA registra o avanço da legislação do setor. De 2003 a 2016, anos em que o PT esteve na Presidência da República, esse avanço foi mantido, indicando aprovação na transformação do setor portuário.

Números da ATP (Associação de Terminais Portuários Privados), mostram que 2021 foi positivo para o setor portuário privado brasileiro. Foram 14 novos contratos de adesão de novos terminais privados. Em 2022, a Antaq estima a carteira de investimentos em terminais portuários em R$ 9,5 bilhões. A Quadra Capital arrematou o leilão da Codesa, com um lance de R$ 106 milhões. Demonstrando que as gestoras de recursos financeiros identificaram o setor portuário como opção de investimento. A expansão do transporte marítimo de cabotagem estimula a expansão de portuária em direção ao Nordeste e Norte.

NAVEGAÇÃO - As empresas internacionais de navegação dominam o transporte transoceânico de importação e exportação. Em evento sobre mercado de feeder promovido pela Antaq em novembro, foi apresentado estudo apontando que o complexo portuário de Santos e o terminal de uso privado (TUP) da DP World Santos concentram 65,83% de toda a carga feeder, como origem ou destino nacional.

Empresas internacionais são acionistas controladoras de empresas brasileiras de navegação que realizam o serviço feeder. O estudo indica que a Hamburg Sud tem 31% do mercado, seguida pela MSC (28%) e Aliança (14%). No entanto, a Maersk é a controladora da Hamburg Sud que por sua vez controla a Aliança Navegação para movimentação de 72% da carga feeder transportada no trecho nacional. Já a MSC utiliza a Log-In, recentemente adquirida, em 85% das operações.

A Maersk, através da sua controlada APM Terminals, venceu a licitação e comprou, em julho de 2022, do Estaleiro Atlântico Sul, por de R$ 455 milhões, área denominada Unidade Produtiva Isolada (UPI-B Cais Sul), no complexo portuário e industrial de Suape, para operação de um terminal de contêineres e cargas gerais.

Promover o aumento do número de navios na navegação de cabotagem é a principal diretriz do BR do Mar. No apoio marítimo, empresas brasileiras incorporam navios e frotas de operadoras internacionais, demonstrando o bom momento neste segmento. A CBO comprou a Finarge, em setembro de 2021, incorporando cinco AHTS à sua frota. Desde 2019 a CBO comprou quatro navios de empresas internacionais e afretou dois. Em 2022, a MLog, controladora da Asgaard Navegação, realizou um acordo de acionistas com a Bourbon, que se tornará acionista de 50% da Asgaard, que será a operadora de navios de apoio marítimo de ambas no Brasil. Em maio de 2022, A SAAM Towage comprou da Starnav os 17 rebocadores portuários que operam no Brasil, e outros quatro em construção no Estaleiro Detroit. A operação consolida a liderança da SAAM como principal operadora de rebocadores nas Américas, atestando o dinamismo do segmento de apoio portuário no páis.

CONSTRUÇÃO NAVAL - O apoio marítimo, apoio portuário e a navegação interior são os principais contratantes dos estaleiros nos últimos seis anos. Os desembolsos e aprovações de financiamentos do FMM (Fundo da Marinha Mercante) demonstram esse fato. As obras são novas construções, reparos, docagens obrigatórias (IMO) e reformas para mudanças nas capacidades dos navios. Os estaleiros de grande porte (Atlântico Sul, Enseada e Ecovix) voltaram ao mercado depois de aprovação do seu processo de recuperação judicial junto aos credores. Realizam reparos e docagens de navios de cabotagem, atuam como terminais portuários unitários privados e informam que buscam novos negócios na construção de sistemas eólicos e no desmantelamento de plataformas a serem recicladas para reaproveitamento do aço.

Os estaleiros de porte médio mostram o dinamismo do modelo de negócios de estaleiros associados às empresas de navegação. São exemplos dessa atividade o Navship do grupo Edison Chouest (Bram e Alfanave); o Detroit do Grupo Starnav operadora de frota de apoio marítimo; o Wilson Sons do grupo com o mesmo nome, ativo na construção e reparos de rebocadores e navios de apoio offshore.

Na navegação interior a Antaq informa a existência, em 2020, de 1.413 balsas e 895 empurradores e rebocadores. O Sindicato de Construção Naval do Estado do Pará estima que nos próximo dez anos serão construídas mais duas mil barcaças e 120 empurradores. A construção naval da Marinha Brasileira tem uma carteira relevante, através da Emgepron: quatro fragatas de 3.650 toneladas (investimento de US$ 2,3 bilhões) no estaleiro Brasil Sul Thyssen. O Estaleiro Jurong Aracruz foi contratado para construir o NAPant-Navio de Apoio Antártico. Foi iniciado a modelagem do programa de construção de 12 navios de patrulha oceânicos. A Marinha Brasileira já entregou para testes o primeiro submarino do Prosub, outros quatro estão em construção no complexo industrial e de apoio à operação de submarinos em Itaguaí (RJ).

IIvan Leãovan Leão é diretor da Ivens Consult



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