Artigo - Cenário do Offshore para 2023

Ao iniciar o segundo semestre existem indicações sobre o novo cenário mundial para a produção de petróleo e gás offshore em 2023. Com continuidade nos próximos anos, as questões abrangem o comportamento de preço do barril; o dinamismo na contratação de plataformas de produção offshore, com previsão de mais de 50 FPSOs nos próximos cinco anos, unidades de maior porte e destinados a áreas mais rentáveis; a consolidação entre os fornecedores, principalmente de serviços de perfuração em alto-mar, navios de apoio à construção submarina e assentamento de dutos. Os estaleiros na China, Coréia do Sul e Singapura já realizaram consolidação, com a fusão de empresas apoiadas pelos governos ou bancos estatais.

No Brasil, a reativação da construção naval deverá ocorrer através das encomendas da Transpetro; do aumento das contratações locais para construção e integração de módulos. Construção local de FPSOS ainda é um projeto distante. Depende como empresas podem ser atraídas, como a Techint, e as empresas novamente incluídas na lista de fornecedores da Petrobras, no início de julho: a Andrade Gutierrez, UTC Engenharia e Novonor.

O preço do barril

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O 8º Seminário Internacional da OPEP, em Viena, dia 5 de julho de 2023, decidiu manter um mercado petrolífero estável e equilibrado. O que na prática significa contar com cortes voluntários de produção da Arábia Saudita, Rússia e Argélia. No relatório de produção mensal publicado pela OPEP, referente a maio de 2023, é reconhecida a maior oferta de petróleo dos EUA, Brasil, Noruega, Canadá, Cazaquistão e Guiana. Apesar disso, análise da OilPrice.com, de 11 de julho, aponta que os preços têm subido lentamente nas últimas semanas. O sentimento de alta começa a se acumular com os cortes de produção, com os preços do barril do Brent de US$ 78.17 e do WTI de US$ 75.51, do Arab Light de US$ 80.98 em tendência de alta. É uma dança delicada, onde todos os agentes desejam um preço atraente que não atrapalhe a expansão da economia mundial, já ameaçada por questões geopolíticas.

A geopolítica

Uma menor expansão da economia da China causa calafrios nas economias do ocidente. A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, na sua visita à China, foi citada na China Global Trade News (CGTN), em 8 de julho, dizendo que Washington quer evitar a dissociação da segunda maior economia do mundo e que a cooperação econômica sustentada é fundamental para a paz mundial. A resposta do Premier Li Qiang, ressaltou que desenvolvimento da China é uma oportunidade e não um desafio para os Estados Unidos, e sim um ganho em vez de um risco.

A consolidação
O cenário internacional do Offshore é de consolidação de fornecedores. A Westwood Global Energy aponta que as sondas de perfuração do tipo semi-sub estão totalmente contratadas. O valor das diárias atinge níveis recordes. O que pode aumentar os valores das diárias dos navios-sonda, que são os utilizados nas águas mais calmas da costa brasileira.

A Wood Mackenzie diz que a maior parte do crescimento esperado na demanda por sondas virá do Triângulo Dourado – América Latina, América do Norte e África – e partes do Mediterrâneo, áreas que responderão por 75% da demanda global de plataformas flutuantes até 2027.

Aumento de preços também devem ser esperados dos fornecedores de plataformas de produção do tipo FPSO. A consolidação neste grupo de fornecedores inclui: Criação da Seatrium, resultante da fusão entre a Sembcorp e a Keppel, de Singapura (no Brasil operam os estaleiros Jurong Aracruz (ES) e KeppelFels (RJ); KSOE é o resultado da fusão da Hyundai Heavy Industries, Hyunday Samho Heavy Industries, Hyundai Mipo Dockyards. Em dezembro de 2022, o Korea Development Bank (KDB) anunciou que o Hanwha Group adquiriu oficialmente a Daewoo Shipbuilding and Marine Engineering (DSME).

A China tem a posição dominante no mercado da construção naval desde novembro de 2019. A China Shipbuilding Group reúne os principais estaleiros.

A liderança de fornecedores da Ásia entra num novo capítulo a partir do contrato da SBM Offshore com a Cosco, da China, para engenharia de projeto, e a sul-coreana HD Hyundai Heavy Industries para construção da novo FPSO para a Woodside Energy para o campo de Trion, em águas profundas no mar do México. O contrato é estimado em US$ 1,2 bilhão.

Outro exemplo de consolidação é a oferta de aquisição de ações lançadas para o processo de recuperação financeira da DOF Offshore. A Subsea 7 anunciou, em 15 de junho, a proposta, para adquirir a totalidade do capital social emitido da DOF. A Subsea7 garantiria o acesso a navios que lhe permitiriam capitalizar ainda mais os desenvolvimentos positivos nos mercados eólicos submarino e offshore. O bilionário John Fredriksen também fez oferta pelo por ações do lançamento da DOF.
A Solstad vendeu sua frota de PSVs para a TideWater. BW Offshore está vendendo seus FPSOs considerados não estratégicos, para operadores regionais, direcionando seu foco para ativos mais rentáveis.

No Brasil

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, informa que a Petrobras vai investir US$ 78 bilhões no seu plano estratégico 2023-2027, com previsão de colocar em operação 14 novas plataformas nos próximos cinco anos. Está reabilitando as empresas que cumpriram quarentena punitiva e têm condições de voltar ao mercado. O diretor de Engenharia da Petrobras, Carlos Travassos, destacou que o descomissionamento gera oportunidades para estaleiros nacionais. Serão 26 unidades descomissionadas até 2027. E de 2028 a 2029 a previsão é descomissionar outros 27 sistemas. Serão mais de 650 mil toneladas de aço destinadas à reciclagem.

A Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria Naval Brasileira presidida pelo deputado federal Alexandre Lindenmeyer (PT-RS) tem como uma das propostas para fortalecimento de rede de fornecedores a prerrogativa de o estaleiro e contratantes selecionarem se vão trabalhar através do regime de SPE (sociedade de propósito específico) ou através de regime de segregação contábil. É um formato de consolidação que permite a construção de alianças e parcerias para um projeto de construção naval. Basicamente atende a realidade de que os maiores estaleiros de capital nacional estão em recuperação judicial.

O Enseada (BA) deve avaliar colocar em leilão seus ativos. O Atlântico Sul (PE) provavelmente é o que tem mais opções. O Evovix-Rio Grande (RS) está comprometido, pelos próximos 12 meses, com o trabalho de desmantelamento da P-32, conquistado em parceria com a Gerdau, a maior recicladora de sucata metálica da América Latina, transformando cerca de 71% do aço produzido pela companhia.

Merece consideração a nova composição do controle acionário da Usiminas, com a Ternium comprando parte da participação da Nippon Steel e se tornando controladora da empresa, com 61,3% do capital. O atual presidente da Ternium Brasil, o argentino Marcelo Chara, será o novo presidente da Usiminas. A Ternium é uma empresa controlada pelo grupo ítalo-argentino Techint (US$ 33 bilhões de receitas em 2022) e no acordo firmado entre Ternium e Nippon Steel prevê que em dois anos a Techint compre o restante das ações e passe a deter 93% do bloco controlador. A Techint realizou a integração de módulos do FPSO P-76, construiu 15 dos 20 módulos do topside da unidade que atualmente opera no campo de Búzios, desde 2019. Levanta a possibilidade de a Techint voltar a atuar no mercado de construção e integração de módulos de FPSOs para a Petrobras.

Uma nova geração de FPSOs

A Equinor informou, em 12 de julho, que o FPSO "Bacalhau" partiu do estaleiro Dalian Shipbuilding (DSIC), na China, para ser instalado no campo de Bacalhau (BM-S-8 e Norte de Carcará), no pré-sal da Bacia de Santos, em lâmina d'água de 2.050 metros, a aproximadamente 185 quilômetros da costa de São Paulo. A Modec é a responsável pelo fornecimento. É a primeira aplicação do Casco M350, uma nova geração para FPSOs de casco duplo, desenvolvido para operar volumes maiores com maior capacidade dos módulos do top-side, capacidade de armazenamento maior do que os petroleiros VLCC convencionais e vida útil de projeto mais longa.

Será um dos maiores FPSOs em operação no Brasil. Operação a cargo da Equinor em parceria com a ExxonMobil, Petrogal Brasil e Pré-Sal Petróleo (PPSA), com reservas recuperáveis de mais de dois bilhões de barris de óleo equivalente,

Ivan LeãoIvan Leão é diretor da Ivens Consult

 

 

 

 

 

 



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