Artigo - IA aplicada à logística: eficiência real exige cultura de inovação

É inegável o impacto que a Inteligência Artificial (IA) já exerce na vida cotidiana — tanto na vida das pessoas quanto na operação das empresas. De automatizar tarefas repetitivas a processar grandes volumes de dados com agilidade, seus usos se multiplicam a cada dia. No setor logístico, essa transformação começa a ganhar corpo. E é preciso encará-la com seriedade, propósito e estratégia, indo além dos modismos e das promessas exageradas.

Temos buscado aplicar a IA de forma prática, responsável e conectada aos nossos desafios reais. Em parceria com a Dharma-AI, conseguimos resultados concretos, especialmente na otimização da eficiência das nossas embarcações. Um dos projetos desenvolvidos recentemente reduziu significativamente o consumo de combustível, com economia mensal de cerca de 40 toneladas. Também melhoramos a frequência de abastecimento e a capacidade de carregamento, o que resultou em um uso mais inteligente dos nossos ativos.


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Esses ganhos não surgem por acaso. Foram viabilizados pelo uso preciso de dados operacionais, como tempos de carga e descarga, tempo de fila, taxas de consumo e rotas percorridas. Mais do que um investimento em tecnologia, trata-se de um investimento em inteligência aplicada — com foco, método e clareza de objetivos.

Mas é importante lembrar: tecnologia, por si só, não muda uma organização. O verdadeiro valor da IA só aparece quando há também uma transformação cultural. Inovação não é apenas sobre algoritmos ou automação; é sobre pessoas. E, nesse ponto, o desafio é maior. Ainda enfrentamos resistências naturais, muitas vezes motivadas por insegurança ou pela crença de que o trabalho individual será substituído. Por isso, nosso foco tem sido desenvolver uma cultura que estimule a colaboração, o aprendizado contínuo e o reconhecimento dos talentos únicos de cada pessoa.

Implantamos projetos de letramento em IA Generativa para nossas equipes administrativas, apostando na educação como motor de mudança. Queremos que todos os colaboradores se sintam parte da transformação, preparados para aprender, reaprender e experimentar. Acreditamos que esse movimento é inseparável da construção de um ambiente mais inovador, adaptável e humano.

Outro ponto fundamental é a parceria com empresas especializadas, que tem atuado conosco na concepção técnica dos projetos e na formação de equipes autônomas. Não se trata de terceirizar soluções, mas de criar uma base sólida de conhecimento e capacidade interna, capaz de sustentar nossos avanços tecnológicos com consistência e visão estratégica.

Nossa experiência tem mostrado que, para ter impacto real, projetos de IA precisam começar pequenos, mas com ambição. É essencial investir na alfabetização digital, formar equipes multidisciplinares, monitorar resultados continuamente e, sobretudo, garantir que ética, segurança de dados e o fator humano estejam no centro das decisões.

A Inteligência Artificial já é parte da realidade da logística — e o setor marítimo brasileiro tem muito a ganhar com sua aplicação consciente. Mais do que uma ferramenta de automação, a IA pode ser uma alavanca para um novo patamar de eficiência, sustentabilidade e inovação. Mas só se tivermos coragem para mudar não apenas os processos, e sim a mentalidade com a qual lidamos com o futuro.

Aline Carvalho é diretora de Gente, Gestão e Frota da Norsul250521-aline-carvalho-norsul-edit-artigo.jpg






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