Porto de Tubarão, exemplo de eficiência operacional

Por Luiz Fernando Landeiro

Terminais portuários representam um importante elo em uma cadeia logística integrada e, como componentes “finais” desse sistema, é de suma importância que estejam estruturalmente preparados para receber e armazenar as cargas que chegam às suas áreas de estocagem via transporte rodoviário ou ferroviário. É como em uma corrida de bastão, onde a eficiência e o comprometimento de cada integrante contribuem diretamente para o resultado final da equipe. Responsáveis por “entregar” os produtos provenientes desse corredor aos navios, que os transportarão até o seu destino final, os terminais portuários têm se modernizado ao longo dos anos com o intuito de se tornarem ainda mais produtivos e eficientes e, assim, se manterem competitivos em um cenário de constante evolução e de aumento expressivo do fluxo de cargas em escala mundial.

De acordo com dados da Secretaria dos Portos, o Governo Federal tem trabalhado em um plano de logística integrada que vai resultar em investimentos nos sistemas rodoviários, ferroviários e nos portos brasileiros. O objetivo é adotar uma estrutura adequada ao sistema portuário nacional e, assim, facilitar o escoamento da safra do país. Parte integrante desses investimentos, o Programa Nacional de Dragagem envolveu aportes de R$ 1,6 bilhão em sua primeira fase, realizada entre 2007 e 2012, para retirar aproximadamente 73 milhões de metros cúbicos do leito dos portos. Nos próximos dez anos, a previsão é que sejam investidos outros R$ 3,8 milhões para aprofundar os canais de acesso, bacia de evolução e berços dos terminais do país.

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Importantes vias de escoamento de mercadorias desde os tempos da Colônia, foi a partir do século XIX que os portos brasileiros experimentaram os primeiros passos rumo a um caminho sem volta: aquele que levaria o Brasil em direção a um futuro promissor. Responsáveis por escoar a produção do interior do país para o mercado nacional e internacional, os portos brasileiros movimentaram 969 milhões de toneladas de carga em 2014, um acréscimo de 4% em relação ao resultado registrado em 2013, quando foram movimentadas 929 milhões de toneladas. Do volume total movimentado no ano passado, 349 milhões de toneladas correspondem à participação dos portos organizados, enquanto 620 milhões de toneladas se devem à movimentação em terminais de uso privado (TUP).

Personagem relevante dessa história, o Porto de Tubarão inaugurou uma nova era na logística de transporte global de granéis sólidos e tornou-se a ponte que conectou o Espírito Santo ao resto do mundo, garantindo assim que o estado contribuísse de forma efetiva para o incremento das exportações brasileiras. No auge dos seus 49 anos, o terminal, que acompanhou de perto o crescimento do Estado e que hoje representa um dos principais vetores do desenvolvimento econômico capixaba, se mantém na vanguarda para continuar competitivo num mundo onde fatores como agilidade, produtividade, inovação e qualidade, sem abrir mão da segurança pessoal e operacional, têm se tornado cada vez mais significativos quando o assunto é eficiência.

Inaugurado em 1º de abril de 1966 e pioneiro desde a sua concepção, Tubarão foi projetado para receber navios com capacidade para armazenar 150 mil toneladas, embarcações até então irreais para a realidade da época, quando os navios conseguiam transportar, no máximo, 60 mil toneladas. Atualmente, o Porto de Tubarão detém o título de terminal de embarque de granel sólido mais eficiente do mundo quando comparado com outros nove terminais que operam o mesmo tipo de carga, de acordo com estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) em 2009. Importante destacar que o estudo em questão demonstrou que, utilizando a mesma área de estocagem e os mesmos ativos, Tubarão consegue ser 35% mais eficiente, inclusive, que os seus “colegas” australianos e noruegueses que também operam no embarque de granel sólido.

Dados divulgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) em fevereiro deste ano comprovam o lugar de destaque ocupado por Tubarão no cenário nacional. Em 2014, o granel sólido representou 61% de todas as cargas movimentadas pelos portos brasileiros, tanto nos terminais públicos, quanto nos privados. Considerando a movimentação de cargas nesses últimos, categoria da qual Tubarão faz parte, o porto capixaba aparece na segunda colocação no ranking da Agência.

Mas, que fatores levam um terminal marítimo de quase meio século de idade e que está sempre à frente do seu tempo a conquistar o status de porto mais eficiente do mundo? A resposta passa por investimentos realizados na infraestrutura do terminal, na área construída para estocagem de produtos, nos equipamentos utilizados para o manuseio das cargas e no treinamento das equipes que operam o porto. Todos esses quesitos, que também elevam o Porto de Tubarão ao patamar de um dos mais seguros do mundo, tanto em termos de segurança pessoal, quanto no que diz respeito à segurança operacional, alçaram o terminal marítimo e o Estado que o abriga, o Espírito Santo, a uma posição de destaque no cenário mundial.

A sua primeira operação, realizada no dia da sua inauguração, envolveu o carregamento de aproximadamente 20 mil toneladas de granéis sólidos no navio suíço Lapplant. Deste então, Tubarão tem evoluído de forma exponencial e colecionado os mais variados recordes operacionais, demonstrando que a aposta de construí-lo, há quase 50 anos, era, de fato, um bom negócio. Atualmente, o terminal opera a plena capacidade os maiores navios do mundo, os chamados VLOCs (Very Large Ore Carrier), que podem transportar até 400 mil toneladas de granéis sólidos. A sua capacidade de superação foi mais uma vez confirmada em março, quando alcançou um novo marco histórico: o recorde de atracações dos navios VLOC, com sete embarcações recebidas em um mesmo mês.

Que os próximos 50 anos sejam pautados por outros tantos marcos importantes para a história do Porto de Tubarão e do próprio Espírito Santo. E que a excelência operacional que lhe é tão característica garanta outras inúmeras conquistas nos anos que ainda estão por vir, permitindo que Estado se mantenha em uma posição de destaque no cenário logístico mundial.

Luiz Fernando Landeiro é gerente executivo do Porto de Tubarão



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