Tendências no segundo semestre

Há indícios de uma reação lenta da economia e a necessidade de identificar quais são as tendências que merecem observação, principalmente para a comunidade da indústria marítima. Como contribuição para este debate, há cinco tendências para o segundo semestre que merecem observação: o investimento; os portos; ativos navais recuperáveis; óleo e gás com novo modelo; o eixo Norte.

O investimento – A crise política e a retração do mercado promoveram o adiamento geral de investimentos. No primeiro semestre, os fundos captaram R$ 113,6 bilhões, segundo a Anbima. A patrimônio acumulado pode atingir R$ 4 trilhões, ao final de 2017. O desafio aos setores produtivos é como desenvolver projetos rentáveis para atrair esse capital. Viabilizar o mercado de capitais local como financiador do investimento das empresas é uma das metas da equipe econômica, ao lado da atração do investimento externo. O segmento portuário é o que apresenta condições de captação de recursos. Os cinco maiores bancos da China com presença no Brasil são o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), Bank of China, Haitong, China Construction Bank (CCB) e Bank of Communications (BoCom), com foco na assessoria financeira para repasse de linhas externas.

Os portos – A China realizou US$ 20 bilhões em investimentos portuários em 2016. A estratégia de expansão comercial cria Nova Rota da Seda para atingir mercados em 65 países entre Ásia e Europa. No Brasil, de janeiro a maio de 2017, segundo a Antaq, os portos operaram 425,5 milhões de toneladas de carga, um aumento de quase 4% sobre o mesmo período do ano passado, sendo 272 milhões de graneis sólidos, principalmente minérios e grãos. O Porto do Açu, da Prumo Logística, é o que apresenta grande capacidade de atrair investimentos, com uma visão inovadora do seu plano de negócios. Investimentos da Anglo American em Minas Gerais ampliarão de 18 para 24 milhões de toneladas os embarques de minério de ferro, através de mineroduto. Technip, NOV, InterMoor, Wartsila, Edison Chouest e Tecma (Terminais de Combustíveis Marítimos do Açu) são alguns dos negócios em operação no Porto do Açu. Recentemente foi anunciado acordo preliminar para criar a Gás Natural Açu com a BP e a Siemens.

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Ativos navais recuperáveis - A Asgaard, subsidiária do grupo MLog, vê oportunidades de aquisição de navios de apoio marítimo com construção interrompida por dificuldades de estaleiros ou armadores. A Petrobras informa aceitar debater a possibilidade de examinar a contratação de sondas da Sete Brasil em estágio final de construção. Levantamento realizado pela Folha de S. Paulo apresenta R$ 6 bilhões em obras inacabadas em estaleiros brasileiros, incluindo três navios petroleiros no Estaleiro Mauá (RJ) e outros três navios no Estaleiro Ilha (Eisa – RJ). 

Óleo e Gás com novo modelo – No Diário Oficial de 5 de julho, o presidente do Conselho Nacional de Política Energética passa ao Ministério das Minas e Energia a autoridade de decidir políticas e diretrizes para os procedimentos licitatórios visando à atração dos investimentos para ampliar reservas e a produção de petróleo e gás natural. O CNPE praticamente perde a capacidade de ser um fórum para esses temas.

O Eixo Norte – O escoamento de grãos através dos rios Madeira, Tapajós e Tocantins até portos do rio Amazonas para embarque em navios de grande porte para a Europa e a Ásia, apresenta tendência de duplicação da tonelagem embarcada nos próximos anos. A Ferrogrão e idealizada pelas tradings ADM, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus, AMaggi, com a empresa nacional EDLP, é um projeto de R$ 12,6 bilhões cuja consulta pública deverá ser feita entre agosto e setembro, a ser construído ao lado da BR-163. É exemplo da capacidade de colaboração para solucionar deficiências de logística para alcançar terminais portuários fluviais no rio Tapajós. O transporte fluvial cria demanda para estaleiros mas falta planejamento para assegurar a correta tecnologia de projeto para os empurradores, diante de problemas nas condições dos rios. É uma oportunidade técnica para ampliar a participação de empresas locais na redução dos custos de transporte de grãos para exportação.

Por Ivan Leão - Diretor da Ivens Consult



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