Artigo - Uso inédito de diesel verde no setor marítimo brasileiro

PROJETO PARTICIPANTE DO PRÊMIO PORTOS E NAVIOS DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 2025

Com mais de 187 anos de experiência, a Wilson Sons vem adotando novas tecnologias e práticas cada vez mais sustentáveis, buscando a segurança, a eficiência e a perenidade das operações. A companhia tem conduzido diferentes estudos para implementar inovações que proporcionem redução do consumo de combustíveis e de energia elétrica em suas atividades.

Desde 2013, a empresa monitora suas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), com inventário reconhecido com selo ouro. É a companhia do setor que divulga esses dados há mais tempo. A unidade de negócio Rebocadores é a mais representativa, com aproximadamente 70% do total das emissões de escopos 1 e 2 da empresa. Com mais de 80 embarcações na frota, atuando ao longo do litoral brasileiro, as fontes de emissões de GEE concentram-se especialmente nos motores principais, que fornecem potência aos rebocadores para realizarem as manobras de segurança das atividades portuárias. Exigem, portanto, disponibilidade e confiabilidade para toda a cadeia produtiva do setor.

Em sua estratégia de descarbonização, a Wilson Sons considera que a utilização de biodiesel nas embarcações é uma rota tecnológica de impacto e potencial abrangência, pela aplicabilidade nos motores existentes, cadeia produtiva desenvolvida no país e com perspectivas de aumento na oferta, além do êxito do Brasil na aplicação de biocombustíveis no setor de transportes, tanto com o etanol quanto com o biodiesel rodoviários.

Há uma evolução ainda maior em termos de biocombustíveis: o chamado diesel verde ou HVO (da sigla em inglês para óleo vegetal hidrotratado). Hoje, o HVO é o combustível sustentável pronto para substituir completamente o fóssil nas embarcações: ele é 100% renovável, mantém os indicadores de desempenho e pode ser utilizado nos motores já existentes sem a necessidade de adaptações das frotas atuais (drop in). Portanto, o HVO é uma solução de fácil e rápida implementação que contribui efetivamente para a redução de até 90% das emissões.

Atualmente, a Wilson Sons está testando a tecnologia para confirmar sua estratégia de avanço na descarbonização por meio dos biocombustíveis. Nesta etapa, a companhia optou por adquirir o produto fabricado a partir de óleo de cozinha usado, o que permite redução ainda maior de emissões de carbono. No primeiro lote de HVO fornecido pela Efen, parceira que comercializa combustíveis marítimos no Açu, a redução de intensidade carbônica (considerando todo o ciclo de vida do combustível) foi certificada em 83%, devendo haver o envio de outro lote com a mesma matéria-prima até o fim do projeto. Este foi o primeiro abastecimento de HVO do setor marítimo brasileiro, ocorrido em 27/03/2025.

O projeto está sendo desenvolvido em embarcações que operam, no Porto do Açu, no Norte do Estado do Rio de Janeiro. A partir do Terminal de Líquidos do Açu (TLA), em conjunto com a Vast Infraestrutura e a Efen, a Wilson Sons está testando o desempenho ambiental e operacional do HVO em cinco embarcações, com início das operações no final de março/2025 e devendo durar entre seis e oito meses.

O projeto também contribui para a redução de emissões indiretas de toda a cadeia logística marítima. Ao reduzir suas emissões diretas, a iniciativa da Wilson Sons também contribui com a redução das emissões indiretas da Vast e, consequentemente, do Porto do Açu. É uma ação efetiva que impacta a cadeia de valor. E, o mais importante, agora.

Até o final do ano, a meta é reduzir em 80% as emissões de escopo 1 da Wilson Sons, em comparação às emissões equivalentes, caso o mesmo volume de combustível fóssil fosse utilizado.

E os resultados são promissores. Fruto de um projeto que envolve aproximadamente 30 profissionais diretamente, não só da Wilson Sons, mas também dos parceiros (Vast, Efen, Porto do Açu) e consultores, até o momento, conforme resultados mensuráveis obtidos, deixaram de ser emitidas aproximadamente 180 tCO2eq pelo uso do HVO.

Foram medidos antes da mudança de combustível alguns parâmetros de emissões, como monóxido de carbono, óxido nitroso e enxofre, para comparar posteriormente com as emissões em função do uso do biocombustível. Também foram avaliados parâmetros de desempenho, como tração estática (bollard pull), temperatura dos motores e consumo de combustível.

As perspectivas de desenvolvimento de projetos de infraestrutura para a oferta de HVO, não só no Norte Fluminense como em outras regiões do País, têm potencial para apoiar o setor marítimo e criar soluções de descarbonização, com impactos positivos também na economia brasileira.

Assim, reafirmamos o compromisso da Wilson Sons com a sustentabilidade, adotando as melhores práticas para impulsionar a competitividade do Brasil no mercado global e promover o desenvolvimento do setor portuário.

João David SantosJoão David Santos é gerente de Sustentabilidade da Wilson Sons