BNDES identifica O&G aquecido e fomenta novas possibilidades de apoio

Banco avalia que mudanças em lei possibilitou análise de financiamento para construção e integração de módulos e para desmantelamento de instalações marítimas

O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) observa o setor de petróleo e gás aquecido com a previsão de entrada de operação de novas plataformas que vão demandar embarcações de apoio marítimo para atendê-las. O banco de fomento e principal agente financeiro do Fundo da Marinha Mercante (FMM) também avalia que a alteração na Lei 10.893/2004, no ano passado, possibilitou o apoio a investimentos na construção e integração de módulos e ao desmantelamento de embarcações, que antes não era possível. Há uma expectativa também com o programa ‘TP25’ da Transpetro, que prevê a construção de 25 navios de cabotagem no Brasil.

Até 2022, o entendimento era que o FMM não podia fazer financiamento de determinados investimentos. A chefe do departamento de gás, petróleo e navegação do BNDES, Elisa Lage, explicou que, a partir da modificação, está expresso na lei e na resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que os recursos do FMM podem ser destinados a outras aplicações e investimentos referentes ao desenvolvimento da marinha mercante e da indústria da construção e reparação naval brasileira.

“O BNDES está aguardando essa demanda. Já iniciamos conversas e estamos abertos para receber as empresas, entender como são esses projetos e verificar a melhor possibilidade de apoiá-los”, disse Elisa, durante painel do 2º dia da 17ª Navalshore, no Rio de Janeiro. Ela acrescentou que, antes da alteração da lei, o BNDES já defendia que os recursos do FMM fossem aplicados nesses investimentos para dinamizar o setor.

A chefe do departamento do BNDES contou que o banco já fomenta operações para investimentos em construção e integração de módulos. Elisa lembrou que a Petrobras anunciou que pretende descomissionar 50 plataformas até 2030 e contou que o BNDES já conversa com os vencedores do leilão promovido pela companhia para o desmantelamento da P-32. “Estamos conversando com vencedores do Bid e vendo capacidade de financiar esses investimentos. Entendemos que os grandes fornecedores de sucata podem ter interesse em fazer o desmantelamento desses navios e que eles poderiam ser apoiados com linhas de financiamento do FMM”, comentou Elisa.

Ela acrescentou que existe muita demanda por redução de emissão e eletrificação em plataformas. A Petrobras anunciou a previsão de entrada em operação de 16 novas plataformas até 2030 e o BNDES verifica que esses projetos possuem questões relacionadas à pegada de descarbonização do setor como um todo. Elisa disse ainda que, nas conversas com empresas de apoio marítimo, já é possível notar uma busca por embarcações mais eficientes, tanto para modernização de embarcações visando a redução de emissões, como também para a expectativa do tipo de tecnologias estarão no escopo das novas construções.

“Temos notado a busca por menor consumo de energia e por redução de emissões. Sentimos na oferta das embarcações, quando empresas demandam financiamento. Isso vem da demanda puxada um pouco pelas petroleiras, que precisam reduzir as emissões e vai chegando ao armador”, analisou.

O BNDES também projeta, mais para frente, a possibilidade de operações de crédito para indústria naval voltadas para estruturas flutuantes por geração eólica offshore, segmento que passa por período de regulamentação. “Na falta de demandas por navios e módulos, víamos interesse dos estaleiros de se mostrarem presentes e atender a esse mercado. Talvez agora, com demandas de embarcações e módulos, isso fique mais em stand by aguardando marco regulatório e investimentos mais à frente. Mas entendemos que isso poderia ser apoiado com recursos do FMM”, afirmou.

A Navalshore 2023 tem os patrocínios Master da Transpetro e Platina da Intenational Akzo Nobel