O futuro da Sete Brasil vive um impasse dentro de sua própria base de acionistas, organizados no FIP Sondas. Os sócios privados querem levar a empresa à recuperação judicial. Já a maioria dos acionistas ligados à União e os sócios que também são credores são contra. Já foram realizadas três reuniões de cotistas do fundo, para definir a estratégia, e não há consenso. Mais uma reunião foi agendada para o dia 28 deste mês.
Esgotadas as tentativas feitas pela Sete Brasil, os bancos credores - os cinco maiores do país - assumiram as conversas com a Petrobras na tentativa de uma solução, em que se possa recuperar ao menos parte dos valores envolvidos.
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Na sexta-feira, BTG Pactual e os fundos EIG Partners, Luce Venture Capital e Lakeshore repetiram o voto da reunião anterior do comitê de investimentos do FIP Sondas. Foram favoráveis à recuperação judicial. A novidade do encontro foi a Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF), que votou a favor.
Os bancos credores da holding de sondas, liderados pelo Banco do Brasil, ainda buscam saída com Petrobras
Acionistas criam impasse sobre futuro da Sete Brasil
O futuro da Sete Brasil vive um impasse dentro de sua própria base de acionistas, organizados no FIP Sondas. Os sócios privados querem levar a empresa à recuperação judicial. Já a maioria dos acionistas ligados à União e os sócios que também são credores são contra. Já foram realizadas três reuniões de cotistas do fundo, para definir a estratégia, e não há consenso. Mais uma reunião foi agendada para o dia 28 deste mês.
Esgotadas as tentativas feitas pela Sete Brasil, os bancos credores - os cinco maiores do país - assumiram as conversas com a Petrobras na tentativa de uma solução, em que se possa recuperar ao menos parte dos valores envolvidos.
Na sexta-feira, BTG Pactual e os fundos EIG Partners, Luce Venture Capital e Lakeshore repetiram o voto da reunião anterior do comitê de investimentos do FIP Sondas. Foram favoráveis à recuperação judicial. A novidade do encontro foi a Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF), que votou a favor.
Os bancos credores da holding de sondas, liderados pelo Banco do Brasil, ainda buscam saída com Petrobras
Do lado contrário, estiveram as fundações Petros e Previ, respectivamente, caixa de aposentaria dos funcionários da Petrobras e do Banco do Brasil. Também não querem esse caminho os credores e acionistas Santander e Bradesco. Petrobras e FI-FGTS alegaram conflito de interesses e não votaram.
Antes, o cenário estava paralisado nas mãos da Petrobras, pois as companhias buscaram alcançar consenso e rever os contratos para construção de sondas por quase um ano. A Sete Brasil, propriamente, não está em negociação com a Petrobras. A administração da holding rejeitou o plano que a estatal ofereceu neste ano.
Além de querer reduzir as 28 sondas inicialmente contratadas para dez, a estatal quis cortar a duração dos contratos de 15 para cinco anos.
Quem está liderando a busca por consenso com a Petrobras e, portanto, negociado o futuro da Sete Brasil, é o Banco do Brasil - que é apenas credor, não é sócio.
A instituição forneceu a maior linha do empréstimo que seria apenas uma "ponte" até a chegada do financiamento definitivo, do BNDES - que desistiu da empreitada depois das dívidas já contraídas.
O BB forneceu US$ 1,25 bilhão, dos US$ 3,6 bilhões que a Sete levantou junto a diversos bancos. O Itaú Unibanco concedeu o segundo maior volume, com US$ 750 milhões. Bradesco e Santander, ambos acionistas, dispuseram crédito de US$ 500 milhões cada.
Consultado, o banco estatal, por meio de nota disse ao Valor: "O BB confirma que faz parte do sindicato de bancos que está discutindo as operações, e que a negociação permanece em andamento e o 'stand still' [adiamento de vencimento da dívida] prorrogado até maio deste ano."
Entre os bancos, o BB é o mais exposto ao projeto da Sete Brasil, mesmo quando comparado ao BTG, Bradesco e Santander.
O vínculo entre BB e Petrobras vai além do crédito, na Sete Brasil. Aldemir Bendine, atual presidente da Petrobras, e Ivan Monteiro, atual diretor financeiro da estatal, ocupavam exatamente essas mesmas posições no banco quando o empréstimo foi fechado.
Os demais acionistas observam as conversas com ceticismo. A Petrobras teria admitido que sua última proposta para os contratos não foi razoável - com redução para dez sondas, em contratos de cinco anos. Essa avaliação, na visão de sócios, é positiva, mas não suficiente para que haja sucesso nos diálogos.
Junto com a redução do projeto para dez sondas, a Petrobras também propôs substituir a taxa diária de afretamento negociada para sondas construídas no Brasil - em US$ 390 mil - para preços praticados para sondas feitas na Ásia, menos de US$ 300 mil.
Comparado ao projeto original da Sete, a preços atuais, a Petrobras propôs trocar contratos de US$ 60 bilhões (R$ 240 bilhões), de 15 anos, por acordos que assegurariam US$ 5,5 bilhões em cinco anos (R$ 22 bilhões).
A recuperação judicial é uma tentativa dos sócios privados de levar a Petrobras a um palco institucionalizado para rever os contratos. Sem a estatal, o caminho seria diretamente a falência.
Enquanto os credores buscam negociar com a Petrobras, a Alvarez & Marsal, assessoria financeira especializada em reestruturação de empresas, foi contratada pela própria Sete Brasil, após aprovação em assembleia de acionistas.
Fonte: Valor Econômico/Graziella Valenti | De São Paulo
Antes, o cenário estava paralisado nas mãos da Petrobras, pois as companhias buscaram alcançar consenso e rever os contratos para construção de sondas por quase um ano. A Sete Brasil, propriamente, não está em negociação com a Petrobras. A administração da holding rejeitou o plano que a estatal ofereceu neste ano.
Além de querer reduzir as 28 sondas inicialmente contratadas para dez, a estatal quis cortar a duração dos contratos de 15 para cinco anos.
Quem está liderando a busca por consenso com a Petrobras e, portanto, negociado o futuro da Sete Brasil, é o Banco do Brasil - que é apenas credor, não é sócio.
A instituição forneceu a maior linha do empréstimo que seria apenas uma "ponte" até a chegada do financiamento definitivo, do BNDES - que desistiu da empreitada depois das dívidas já contraídas.
O BB forneceu US$ 1,25 bilhão, dos US$ 3,6 bilhões que a Sete levantou junto a diversos bancos. O Itaú Unibanco concedeu o segundo maior volume, com US$ 750 milhões. Bradesco e Santander, ambos acionistas, dispuseram crédito de US$ 500 milhões cada.
Consultado, o banco estatal, por meio de nota disse ao Valor: "O BB confirma que faz parte do sindicato de bancos que está discutindo as operações, e que a negociação permanece em andamento e o 'stand still' [adiamento de vencimento da dívida] prorrogado até maio deste ano."
Entre os bancos, o BB é o mais exposto ao projeto da Sete Brasil, mesmo quando comparado ao BTG, Bradesco e Santander.
O vínculo entre BB e Petrobras vai além do crédito, na Sete Brasil. Aldemir Bendine, atual presidente da Petrobras, e Ivan Monteiro, atual diretor financeiro da estatal, ocupavam exatamente essas mesmas posições no banco quando o empréstimo foi fechado.
Os demais acionistas observam as conversas com ceticismo. A Petrobras teria admitido que sua última proposta para os contratos não foi razoável - com redução para dez sondas, em contratos de cinco anos. Essa avaliação, na visão de sócios, é positiva, mas não suficiente para que haja sucesso nos diálogos.
Junto com a redução do projeto para dez sondas, a Petrobras também propôs substituir a taxa diária de afretamento negociada para sondas construídas no Brasil - em US$ 390 mil - para preços praticados para sondas feitas na Ásia, menos de US$ 300 mil.
Comparado ao projeto original da Sete, a preços atuais, a Petrobras propôs trocar contratos de US$ 60 bilhões (R$ 240 bilhões), de 15 anos, por acordos que assegurariam US$ 5,5 bilhões em cinco anos (R$ 22 bilhões).
A recuperação judicial é uma tentativa dos sócios privados de levar a Petrobras a um palco institucionalizado para rever os contratos. Sem a estatal, o caminho seria diretamente a falência.
Enquanto os credores buscam negociar com a Petrobras, a Alvarez & Marsal, assessoria financeira especializada em reestruturação de empresas, foi contratada pela própria Sete Brasil, após aprovação em assembleia de acionistas.
Fonte: Valor Econômico/Graziella Valenti | De São Paulo