Alta no preço do barril traz esperança para fornecedores

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Mike Loggie passa a vida lutando contra pedidos de desconto. Seus clientes, os maiores produtores de petróleo e gás do mundo, além dos prestadores de serviços relacionados, nunca deixam de tentar jogar os preços dele lá embaixo ou adiar planos de aumento.

Veterano da indústria petrolífera, Loggie é fundador e executivo-chefe da Saltire Energy, de Aberdeen, que fornece ferramentas para perfuração de poços e aluga equipamentos. A queda livre das cotações do petróleo iniciada em 2014 atingiu duramente tanto os produtores quanto os fornecedores de serviços e fez as receitas caírem.


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"Durante o 'crash', toda vez que você falava com alguém era 'desconto, desconto, desconto'", disse Loggie. "Ainda continua assim."

As empresas de serviços "estão se recuperando, mas há muito excesso de capacidade que precisa ser resolvido

Durante os tempos de baixos preços, à medida que as grandes petrolíferas reduziam investimentos em exploração e novos projetos, as empresas de serviços tinham de lutar em duas frentes, uma vez que a atividade diminuía e os valores cobrados também. Os clientes, muitas vezes, pediam desconto de 50%, recebiam 10% e voltavam no mês seguinte pedindo mais rebaixas, segundo Loggie.

O mau momento impactou todos na indústria de serviços petrolíferos. Deu início a uma onda de fusões de grandes nomes do setor. A Schlumberger comprou a Cameron, a Technip fundiu-se com a FMC Technologies e a Baker Hughes combinou-se com as operações de petróleo e gás da General Electric. No Reino Unido, o Wood Group comprou a Amec Foster Wheeler em 2017, em parte para diversificar-se para fora da área de petróleo e gás.

Passados quatro anos, os níveis de atividade começaram a melhorar. Grandes grupos petrolíferos anunciaram lucros expressivos no primeiro trimestre do ano, beneficiados pela alta das cotações do petróleo. O aumento na atividade agora começa a difundir-se e a chegar aos fornecedores de serviços.

Embora os números mais recentes de faturamento da Saltire, até junho de 2017, tenham encolhido durante a depressão do setor, afetados pelos descontos, a empresa hoje está mais atarefada do que nunca. Noruega, Oriente Médio e Ásia vêm apresentando aumento nas atividades, segundo Loggie.

Muitos de seus concorrentes de capital aberto mostram o mesmo otimismo, em especial nas operações no Oriente Médio e em poços terrestres nos Estados Unidos.

As empresas de serviços "estão se recuperando, mas há muito excesso de capacidade que precisa ser resolvido, especialmente na área de perfuração marítima", disse o analista Alex Brooks, do banco de investimento Canaccord Genuity. "Até que esse excesso de capacidade seja resolvido e se veja forte crescimento no volume de seus clientes finais - os produtores - vai ser um setor difícil de se estar".

"Essas empresas de serviços com exposição ao xisto americano vêm se saindo melhor, especialmente qualquer uma com foco no fornecimento de equipamentos para extração a pressão", acrescentou.

A Hunting, cujas ações fazem parte do índice FTSE-250, da bolsa britânica, é uma delas, de forma que suas cotações vêm reagindo de forma positiva. A empresa tem se beneficiado do bom momento de suas operações nos EUA, que incluem a produção de ferramentas usadas para perfurar poços.

Antes da retração, a Hunting empregava mais de 4 mil pessoas. O quadro de funcionários havia caído pela metade nos Estados Unidos, Europa e Ásia, mas agora vem se recuperando no país americano, de acordo com o diretor de finanças da Hunting, Peter Rose.

"Para nós, os níveis de atividade internacional e marítima continuam fracos, mas há motivos para ser cautelosamente otimista quanto a uma recuperação nessas áreas", disse Rose.

O executivo-chefe da Gulf Marine Services (GMS), Duncan Anderson, disse que esta "tem sido a retração mais longa e dura e [que] ainda há um grau de incerteza quanto ao ritmo de recuperação que os investimentos vão ter."

A GMS, que tem sede nos Emirados Árabes Unidos e ações negociadas em Londres desde 2014, opera uma frota de plataformas marítimas autoelevatórias. O preço das ações sofreu desde o lançamento. Caiu de 130 para 47,6 pence. Anderson, no entanto, destacou que a frota está com muito trabalho e que a taxa de ocupação no primeiro trimestre foi de 64%.

Também há sinais de recuperação no Wood Group. O executivo-chefe da empresa, Robin Watson, disse em março que a empresa projeta aumento nos lucros deste ano pela primeira vez desde 2014, impulsionada em parte pela "recuperação em fase inicial de certos mercados de petróleo e gás".

"Achamos que já deixamos para trás o pior da crise [na área] de produção de petróleo e gás", disse Watson. A empresa beneficia-se da recuperação modesta da atividade no Mar do Norte e de sua presença nos campos de petróleo de xisto nos EUA.

A rival Petrofac, que está no centro das atenções em razão de investigação sobre subornos sendo realizada pelo Departamento Antifraudes do governo do Reino Unido (SFO, na sigla em inglês), busca recuperar a confiança dos investidores. A empresa, que reduziu os dividendos em 42% em 2017 para lidar com as más condições do mercado, anunciou a conquista de vários grandes contratos, incluindo alguns em Omã e no Kuwait.

A alta nas cotações do petróleo e o otimismo no setor levaram alguns executivos-chefes de grandes grupos de petróleo e gás a falar em um novo espírito de cooperação com os fornecedores e terceirizados. O antigo cenário em que fornecedores inflavam os custos nos bons tempos e que os operadores os espremiam nos maus, agora seria uma coisa do passado. Alguns executivos de empresas de serviços petrolíferas ainda não estão tão convencidos disso.

"É um relacionamento arquetípico Tom e Jerry", disse um executivo experimentado de várias batalhas. "O petróleo é uma commodity e é um negócio cíclico. Isso não vai mudar."

Fonte: Valor






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