As exportações de petróleo do Irã podem cair 70% até o fim do ano em razão das novas sanções americanas contra o país, pressionando ainda mais um mercado já afetado por problemas de oferta em outras partes do mundo.
Inicialmente, quando Donald Trump decidiu retirar os EUA do acordo que limitava as ambições nucleares de Teerã, Washington planejava excluir totalmente o país do mercado mundial de petróleo, exigindo que todos os países suspendessem as compras do Irã a partir de novembro.
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Desde então, os EUA abrandaram sua posição e podem abrir exceções e dar isenções a alguns aliados particularmente dependentes do fornecimento iraniano.
Mas a maioria dos analistas ainda acha que as sanções vão reduzir significativamente as exportações de petróleo do Irã e os piores cenários apontam para uma queda em torno a 70% para um total de apenas 700 mil barris por dia.
A consultoria Facts Global Energy (FGE) calcula que as exportações de petróleo do Irã pode encolher para 700 mil barris diários em consequência das sanções. Essas exportações teriam como principal destino a China, com volumes menores indo para a Índia, Turquia e outros compradores que seriam beneficiados pelas isenções.
Outros 100 mil barris por dia dos chamados condensados de petróleo podem ir para a China, a compradores com isenções e possivelmente para os Emirados Árabes Unidos (EAU) e Coreia do Sul, segundo a FGE.
A China, país que mais importa petróleo iraniano (650 mil barris diários, segundo a Thomson Reuters Eikon), pode ignorar as sanções e continuar comprando.
A Índia, que no primeiro semestre importou em média 550 mil barris por dia, ainda não fez um anúncio oficial sobre o assunto. Mas as suas refinarias estatais foram avisadas para tentar encontrar fontes alternativas de fornecimento caso Washington não isente os indianos das sanções.
Coreia do Sul e Japão, que juntos importaram cerca de 370 mil barris diários de petróleo iraniano no primeiro semestre, informaram que vão interromper as importações a não ser que sejam excluídos das sanções pelos EUA.
As importações de petróleo iraniano pela Coreia do Sul em junho caíram 40% em comparação ao mesmo mês de 2017.
O maior banco do Japão, MUFG Bank, vai interromper as transações com o Irã por causa das sanções dos EUA, segundo documento ao qual a Reuters teve acesso.
A Europa como um todo foi a maior importadora de petróleo do Irã no primeiro semestre, com Itália e Turquia à frente.
Várias refinarias já pararam de comprar petróleo iraniano depois de o banco suíço Banque de Commerce et de Placements (BCP) ter anunciado que deixará de financiar operações com carga iraniana a partir de 30 de junho.
Refinarias na Grécia e Espanha já começaram a reduzir as importações de petróleo do Irã.
A Turquia, um importante comprador, no entanto, anunciou que não vai cortar as relações comerciais com Teerã.
Fonte: Valor