Confirmação das conversas fez com que ações de mineradora de Eike Batista disparassem na sessão de ontem da Bovespa
RIO - A ArcelorMittal, maior siderúrgica do mundo, confirmou ontem que está em conversações para adquirir os ativos de minério de ferro da MMX Mineração e Metálicos, a mineradora do bilionário brasileiro Eike Batista.
"Nós estamos em conversações com a MMX sobre esse assunto", disse Sebastião Costa Filho, diretor-presidente da ArcelorMittal Serra Azul, a unidade de minério de ferro no Brasil da siderúrgica. A confirmação das negociações fez com que as ações da MMX subissem ontem 7,13% na bolsa de São Paulo, levando o valor de mercado da empresa a R$ 6 bilhões.
"Teremos uma reunião na sexta-feira no departamento de fusões e aquisições da ArcelorMittal em Londres para tratar desse assunto", disse o executivo, em uma entrevista por telefone da Ucrânia , onde está visitando uma unidade integrada de produção de aço e mineração da siderúrgica.
"A ArcelorMittal quer expandir suas operações de minério de ferro no Brasil como parte de uma política do grupo para impulsionar a autossuficiência no fornecimento dos ingredientes da produção de aço", disse Costa Filho.
Além da ArcelorMittal, haveria outras companhias do setor interessadas, entre elas americana Cliffs Natural Resources. Um executivo da Cliffs disse ontem que a empresa está interessada em expandir suas operações na América Latina, mas recusou-se a comentar a informação de que ela teria interesse em comprar ativos de Eike Batista.
No pacote colocado à venda está, além das minas operadas pela MMX Mineração e Metálicos, o porto Sudeste,da LLX Logística, situado no município de Itaguaí, no Rio de Janeiro.
Procurada, a MMX distribuiu a seguinte nota: "A MMX não comenta rumores de mercado. A companhia está sempre atenta a oportunidades que sejam de interesse de seus acionistas".
Expansão. A Cliffs Natural, que produz minério de ferro e carvão usado na produção de aço, está interessada em expandir-se na América para além de suas pequenas operações no Brasil, disse o diretor de relações com os investidores e comunicações corporativas, Steve Baisden.
Em 2007, a Cliffs Natural comprou uma participação nas operações de mineração de ferro da MMX no Norte do Brasil. A acionista majoritária daquela mina é atualmente a Anglo American.
Antes de colocar sua participação na MMX à venda, Eike tentou promover a fusão entre sua empresa e outras mineradoras. Negociou com a Ferrous Resources, a CSN e a Usiminas, sem sucesso.
Captação. Se a operação for adiante, não será a primeira vez que Eike fará negócios com os ativos da MMX.A mineradora nasceu em 2005, com três projetos de mineração (Minas-Rio, Corumbá e Amapá) e realizou sua oferta pública inicial de ações em julho de 2006, captando mais de US$ 500 milhões, um recorde no mercado brasileiro.
Entre 2007 e 2008, Eike vendeu os sistemas Minas-Rio e Amapá para a multinacional Anglo American, por US$ 6,6 bilhões. No ano passado, o empresário vendeu uma participação de 21,5% da MMX para a siderúrgica chinesa Wuhan Steel.
Na mesma operação, ele fechou um contrato para fornecer aos chineses metade do minério extraído de suas jazidas em Minas Gerais pelos próximos 20 anos.
Atualmente, a A MMX é formada apenas pelo projeto de Corumbá, além de minas arrendadas em Minas Gerais, a Minerminas e a AVX Mineração. O empresário tem 43,55% da MMX, 21,52% pertencem à chinesa Wuhan e os 34,93% restantes estão no mercado. / DOW JONES
PARA LEMBRAR
Meta da empresa era se tornar a maior
Eike Batista chegou a dizer que faria da MMX a maior mineradora do mundo até 2011, mas nunca chegou nem perto dessa marca. Mesmo assim, o empresário ganhou muito dinheiro com a empresa.
Entre 2007 e 2008, ele vendeu asprincipais minas da MMX (o sistema Minas-Rio e o sistema Amapá) para a multinacional Anglo American, por US$ 6,6 bilhões. O negócio foi ótimo para Eike, mas nem tanto para a Anglo, que ainda não conseguiu colocar as minas para produzir.
No caso do projeto Minas-Rio, há dificuldade para construção de um mineroduto ligando Minas Gerais ao litoral do Rio, de onde o minério será escoado. O maior problema está na discussão para desapropriar as propriedades que estão no troçado do mineroduto.
A mina deveria ter começado a fornecer neste ano, mas só deve entregar no fim de 2012, segundo previsão da Anglo.
Já a mina do Amapá enfrenta problemas estruturais. Depois de ser comprada pela Anglo (a Cliffs Natural Resources é sócia minoritária), descobriu-se que o minério do lugar é pobre.
Devido aos problemas encontrados, a Anglo desvalorizou a mina do Amapá em 2009 e passou a registrá-la por U$1,5 bilhão a menos no balanço. A Anglo usou a experiência para aperfeiçoar os controles internos de análise de riscos.
Fonte: O Estado de S.Paulo
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