A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) reduziu em cerca de US$ 10,7 bilhões sua projeção de superávit comercial para 2018. Se, em dezembro de 2017, a expectativa era de um saldo positivo de US$ 67.001 bilhões, o novo número, divulgado nesta terça-feira, passou para US$ 56,315 bilhões. No entanto, os dados projetados para a balança comercial deste ano mostram exportações de US$ 224,445 bilhões, com aumento de 3,1% em relação a 2017; e importações de US$168,130 bilhões com expansão de 11,5%. De acordo com a associação, a revisão para as previsões do comércio exterior neste ano estão sujeitas a mudanças bruscas por causa da guerra comercial entre China e EUA, e os atritos entre Washington e Teerã.
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— Mesmo sendo menor, em 2018 o Brasil terá robusto superávit projetado em US$ 56,315 bilhões, que pode ser comemorado, mas sem esquecer que continuará sendo obtido com baixos volumes de exportação e importação. Superávit comercial não é fator gerador de atividade econômica, que é proporcionada pela corrente de comércio — disse o presidente da AEB, José Augusto de Castro.
Castro destacou que a corrente de comércio, projetada em US$392,575 bilhões para 2018. O valor será maior que os US$368,499 bilhões apurados em 2017, mas ainda distante do recorde de US$482,292 bilhões obtido no ano de 2011.
Ele explicou que, apesar da recessão e do baixo crescimento econômico brasileiro nos últimos anos, o crescimento projetado de 3,1% nas exportações ocorrerá graças à forte elevação das cotações de petróleo no primeiro semestre, à expressiva quebra da safra de soja na Argentina, ao aumento dos preços de óleos combustíveis e às vendas de plataformas de petróleo. Em contrapartida, o crescimento do PIB brasileiro, re-estimado para 1,5%, será responsável pela expansão das importações.
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Segundo ele, a revisão das previsões para o comércio exterior em 2018 está sujeita a mudanças bruscas decorrente de impactos gerados pela guerra comercial envolvendo Estados Unidos, China e União Européia, pela crise nuclear EUA x Irã, que são fatores com reflexos nas cotações e quantum das commodities. Ele destacou, ainda, a grave crise econômica, comercial e cambial Argentina, o reduzido crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e a desvalorização do real frente ao dólar.
— E o cenário para 2019 não é animador, pois a Argentina, principal destino destas exportações terá baixo crescimento econômica e/ou recessão, elevada desvalorização cambial superior a 50%, déficit comercial, desemprego, etc. que reduzirão suas importações, afetando diretamente as exportações brasileiras de manufaturados — observou o presidente da AEB.
Em 2017, a Argentina recuperou o posto de maior país importador de manufaturados brasileiros, perdido em 2014 para os Estados Unidos. Porém, a crise naquele país reverterá o cenário positivo do primeiro semestre de 2018, voltando à segunda posição, acredita José Augusto de Castro.
Ele acrescentou que, em 2018, a concentração nos três principais produtos de exportação do Brasil crescerá ainda mais, com soja, petróleo e minério de ferro, atingindo o recorde de 30,5%. Isso consolidará ainda mais a elevada dependência das commodities nas exportações e no superávit comercial, reforçando, com números, a necessidade de reformas estruturais para reduzir o Custo-Brasil e gerar competitividade nas exportações de manufaturados.
Fonte: O Globo