Avanço na indústria traz risco de gargalos

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Setor tem maior expansão trimestral desde 1991, mas analistas temem que investimentos não acompanhem ritmo
Nível de produção em março fica apenas 0,1% abaixo do recorde verificado em setembro de 2008, antes do estopim da crise financeira
Com o ritmo de crescimento em aceleração no início deste ano, a produção industrial subiu pelo quarto mês consecutivo e praticamente igualou o nível recorde observado em setembro de 2008, zerando as perdas com a crise econômica.
A expectativa é que os dados de abril já mostrem a atividade da indústria brasileira atingindo o maior patamar da série histórica, iniciada em 1991.
Com isso, acende-se o sinal amarelo relacionado ao ritmo de expansão no restante do ano. Há risco de os investimentos em curso não serem suficientes para evitar gargalos e a consequente inflação de produtos escassos em uma economia cada vez mais aquecida.
"O que se deve atentar é para a velocidade da expansão da indústria, para que não se criem gargalos. O crescimento da produção tem que vir acompanhado da expansão dos investimentos", diz Silvio Sales, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Em março, a produção industrial cresceu 2,8% ante fevereiro, maior alta desde outubro. Na comparação com o mesmo mês em 2009, apresentou avanço de 19,7%, maior variação desde abril de 1991.
No resultado fechado de janeiro a março, a alta de 18,1% na comparação com os três meses iniciais do ano anterior foi a mais significativa para um trimestre desde 1991. Deve-se levar em conta que os resultados relacionados com 2009 têm uma fraca base de comparação, devido aos efeitos da crise.
Os números positivos da indústria em março consolidam a recuperação do setor, cujo nível de produção está só 0,1% abaixo do estágio verificado antes do estopim da crise, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
"A produção industrial vem se recuperando e se aproximando do patamar que operava no momento anterior à crise. Houve uma recuperação gradual que ocorreu ao longo de 2009, acelerou-se no final do ano e que vem ampliando seu ritmo produtivo nesses primeiros meses de 2010", diz André Macedo, economista do IBGE.
A expansão mais disseminada pode ser medida pelo patamar recorde do chamado índice de difusão, avaliado desde 2003. De todos os produtos identificados pelo IBGE, 76,7% apresentaram expansão.
Dos 27 segmentos analisados, 25 se elevaram ante março de 2009. Foi o melhor resultado desde agosto de 2004, quando 26 setores registraram aumento da atividade.
A produção de bens de capital, que reflete o investimento mais intensivo na indústria, subiu 3% ante fevereiro, 12ª alta seguida nessa comparação.
Economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Rogério Souza disse considerar que o dado comprova a recuperação do investimento no setor. Ao mesmo tempo, a elevação dos juros pode amortecer o aumento dos investimentos.
"As empresas têm que investir para sobreviver. O ideal seria que atingíssemos uma taxa correspondente a mais de 20% do PIB. Mas, com a taxa de juros subindo, chegar a esse nível pode demorar ainda mais."

Fonte:Folha de S.Paulo/CIRILO JUNIOR/DA SUCURSAL DO RIO






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