Brasil vê desafio na exportação agrícola

Imprimir

 

As exportações agrícolas do Brasil para a Rússia vão enfrentar desafios nos próximos anos, coincindindo com mais um mandato de Vladimir Putin no Kremlin, a ser consagrado no domingo.


PUBLICIDADE



As sanções econômicas impostas pelos EUA e pela União Europeia (UE) contra Moscou em 2014 - no rastro do conflito com a Ucrânia - abriram o caminho para o Brasil elevar as exportações para o mercado russo.

Ao mesmo tempo, Putin lançou um programa de substituição de importações, para reduzir a dependência alimentar externa. A ambição é assegurar autossuficência, por exemplo, na produção de carnes, principal item da exportação brasileira para a Rússia.

No domingo passado, Putin foi ao Fórum Nacional de Produtores Agrícolas, onde comemorou o forte aumento na produção de cereais, açúcar de beterraba e de carnes bovina e de frango nos últimos anos. Só a produção de soja cresceu 1.000% comparado a 2000.

Putin destacou o crescimento da produção da carne bovina pelo 13º ano seguido. "E isso não é só porque nosso mercado está fechado aos concorrentes devido a eventos dos quais vocês estão cientes", afirmou. As carnes bovina e suína do Brasil estão embargadas.

Além de importar menos, o Kremlin quer dobrar as exportações agrícolas para US$ 40 bilhões até 2025. Nesse cenário, o Brasil precisará de uma clara estratégia e ser muito competente para não perder espaço no mercado russo nos próximos anos, quando as sanções forem suspensas e diante do aumento da produção interna.

A meta de fluxo comercial de US$ 10 bilhões, estabelecida por Putin e Dilma Roussef em 2012, está muito distante. O fluxo chegou a US$ 8 bilhões em 2008, início da crise financeira global. Este ano, se alcançar US$ 6 bilhões, já será comemorado em Moscou e Brasília.

Em 2017, o comércio bilateral cresceu 21% em relação ao ano anterior, refletindo também a saída da economia russa da recessão. As exportações brasileiras atingiram US$ 3,2 bilhões contra importações de US$ 2 bilhões.

O setor de soja aumentou fortemente as vendas para a Rússia, representando 18% do total comparado a 4% em 2014 e só atrás das vendas de carnes. Cerca de 60% da soja comprada pelos russos vêm do Brasil, depois que eles deixaram de importar dos EUA.

Mas o governo russo aprovou uma lei proibindo alimentos geneticamente modificados (OGM) na ração animal. A soja brasileira tem OGM. O uso de sementes atuais já registradas é tolerado, mas isso pode mudar quando forem utilizadas novas sementes.

No setor de carnes, 60% do bife importado vêm do Brasil. Mas em dezembro de 2017 o governo russo embargou as carnes bovina e suína alegando o uso de hormônio para o crescimento. O Brasil afirma que as carnes exportadas para a Rússia não têm hormônio de crescimento dos animais. Moscou considera, porém, que o sistema brasileiro não é perfeito.

Por outro lado, os russos passaram a exportar mais petróleo para o Brasil, com alta de 15% no ano passado, sem que analistas consigam explicar essa situação. Já as vendas de fertilizantes caíram. E o titânio usado nos componentes da Embraer vem da Rússia.

No novo mandato de Putin, Moscou continuará pressionando para vender trigo para o mercado brasileiro. O Brasil exige que os russos provem que seu produto não corre risco de contaminação por uma série de pragas. Moscou reclama que as demandas brasileiras são demasiadas e impossíveis de cumprir. Parte do problema foi resolvido com Brasília permitindo o processamento do trigo russo no Brasil. As negociações seguem.

O Kremlin tem ambição de elevar as vendas na área de defesa. Mas o Brasil recuou do plano de comprar um sistema de Defesa Antiaéreo Pantsir-S1, num negócio estimado entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão. Brasília alega que as restrições orçamentárias não permitem a transação.

No momento, os russos participam de licitação para vendas de corvertas para a Marinha, a exemplo de uma série de países. De seu lado, o Brasil, depois de ter comprado 12 helicópteros MI-35, espera que os russos instalem um centro de manutenção no país.

O Brasil foi o primeiro país fora da Rússia a utilizar o sistema russo de navegação por satélite Glosnass, que funciona como o Sistema de Posicionamento Global (GPS) dos EUA. Quatro estações já foram instaladas no país e o Brasil quer agora ter mais duas.

Brasília propôs aos russos usar a base de Alcântara (MA) para lançamento de vários tipos de foguetes, a exemplo do que foi proposto a outros países. Os russos enviaram uma missão ao local recentemente, e as primeiras avaliações parecem ter sido positivas.

Por sua vez, a Rosatom, empresa russa de energia nuclear, continua a oferecer cooperação para conclusão das obras de Angra 3 e construção de novas usinas.

Rosneft, um dos principais grupos de petróleo e gás, tem um investimento de US$ 1 bilhão no rio Solimões. Agora estuda como monetizar o gás que vai explorar no local. A ideia é não se limitar a fornecer gás na região Norte, e sim em todo o território nacional.

No geral, a expectativa é de que as relações bilaterais continuarão boas. São relações de Estado, independente da personalidade no poder. Em foros internacionais, os dois sócios do Brics têm a "inteligência" de enfatizar interesses comuns em vez de exacerbar diferenças, como diz um observador.

Fonte: Valor






   ICN
   Zmax Group
   Antaq
       

NN Logística

 

 

Anuncie na Portos e Navios

 

  Sinaval
  Syndarma
       
       

ECOBRASIL 2025 - RIO DE JANEIRO - RJ - INSCRIÇÕES ABERTAS - CLIQUE AQUI