A Cargill vai construir no ano que vem uma nova fábrica no país, desta vez de pectina HM - um agente texturizante à base de frutas cítricas, usado na produção de geleias, sucos e bebidas lácteas. O investimento será da ordem de R$ 550 milhões. O local da futura fábrica ainda não foi definido, mas deverá ser no cinturão de produção citrícola de São Paulo, como adiantou o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.
Com o investimento, a Cargill entrará com força no mercado de pectina, que cresce mundialmente a taxas de 3,5% a 4% ao ano, diz Laerte Moraes, diretor de negócios de Amidos, Adoçantes e Texturizantes para a América do Sul. Por razões estratégicas, a companhia não informa a capacidade de produção de suas unidades.
PUBLICIDADE
A pectina é uma substância extraída da casca da laranja, bastante utilizada pela indústria de alimentos por dar consistência a uma gama de produtos processados, como os iogurtes. "Ele impede que o líquido se separe do sólido, por exemplo", afirmou o executivo.
Segundo Moraes, a Cargill tem fábricas na Alemanha, França e Itália, mas identificou espaço para a construção de uma quarta planta. "E nada mais óbvio que estar posicionado no cinturão de laranja do Brasil, recebendo matéria-prima diretamente do produtor", disse. "Nos dá competitividade".
A casca da laranja serve atualmente como matéria-prima tanto para a extração de pectina quanto para produção de óleos e de ração animal. "E há matéria-prima para todos. Não vamos alterar esse balanço", disse Moraes.
A nova fábrica contribuirá para que a Cargill amplie sua produção, aumentando a oferta de pectina premium para os clientes em todo o mundo. Da futura fábrica brasileira, abastecerá tanto o mercado interno como poderá atender o americano, europeu e asiático, dependendo das dinâmicas econômicas em jogo.
Embora a Cargill esteja na terceira posição global em participação de mercado de pectina, no Brasil sua atuação é irrisória. A liderança é mantida pela CP Kelco.
A Cargill espera iniciar a construção em março de 2019, com previsão de término em 2021.
A divisão de Amidos, Adoçantes e Texturizantes da Cargill processa milho, trigo, algas marinhas, cascas de frutas, girassol, colza e soja para fabricar um portfólio abrangente de ingredientes com valor agregado às indústrias de alimentos e bebidas, fabricação de papel e corrugados, farmacêutica e de nutrição animal. Desde 2010, a empresa já investiu na divisão US$ 600 milhões na região. Entre eles, aportes em Uberlândia (MG), Castro (PR) e uma joint venture com a JV Glucovil Argentina.
Fonte: Valor