A venda de 70% do direito de exploração dos 5 bilhões de barris do contrato de cessão onerosa poderia render, ao menos, US$ 28 bilhões à Petrobras, segundo análise de especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A estimativa é apontada como conservadora, pois aplica o preço de US$ 8 por barril de petróleo não extraído aos 3,5 bilhões de barris a serem vendidos.
Para chegar a esse preço por barril, foi levantado o histórico recente de venda de participações em campos exploratórios pela Petrobras. Considerou-se, por exemplo, a transferência de 25% do campo de Roncador por US$ 2,9 bilhões para a Statoil, em 2016. A jazida dispõe de, no mínimo, 2 bilhões de barris recuperáveis, o que resultou no pagamento de US$ 5,8 por barril.
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Em 2017, a norueguesa também comprou da Petrobras 66% do campo de Carcará, com volume de 700 milhões e 1,3 bilhão de barris recuperáveis. O valor unitário do barril ficou em US$ 3,79.
O preço apurado nas duas operações considerou que a cotação internacional do barril de petróleo variou entre US$ 50 e US$ 60. Somente por considerar a elevação do preço do petróleo este ano - bateu em US$ 80 em maio - e o reconhecimento dos investimentos já realizados nos campos da cessão onerosa, os especialistas destacaram que não se poderia admitir um valor inferior a US$ 6 o barril.
A conta fecha em US$ 8 o barril quando ainda é considerada a qualidade do óleo extraído, o volume de gás natural associado e a produtividade esperada dos poços. "US$ 8 por barril é um preço mais que justo para o vendedor e para um ativo situado na província petrolífera mais cobiçada do mundo, como demonstraram as últimas licitações na área. Não será difícil encontrar comprador, particularmente no mercado asiático, já que a produção do volume contratado ganhará corpo no decorrer de 2018 e 2019. Assim, a US$ 8, os bilhões de barris não extraídos valem US$ 28 bilhões", indica o documento.
O parecer foi encomendado pelo deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) para avaliar o projeto de lei que autoriza a venda de até 70% das reservas da cessão onerosa. A análise apresenta preocupações com a falta de visão estratégica do Congresso - na aprovação da proposta - e da Petrobras - na hipótese de venda precipitada dos ativos que poderiam maximizar o ganho financeiro se explorados por ela própria.
"O projeto não serve ao interesse nacional. Vamos abrir mão dessa riqueza de forma injustificada, dando um verdadeiro presente às multinacionais do setor", disse Almeida.
Fonte: Valor