A colheita de trigo atingiu 11% no Paraná, principal estado produtor do país. O avanço das colheitadeiras sobre as lavouras ainda é lento e abaixo do normal para esse período de setembro. Isso ocorre porque o plantio também foi lento no início da safra.
Carlos Hugo Godinho, analista do Deral (Departamento de Economia) do Paraná, diz que o ritmo normal de colheita deverá ser retomado nas próximas semanas.
PUBLICIDADE
Ele destaca, contudo, que a produtividade está ruim neste início de colheita. A área que está sendo colhida é a do chamado norte pioneiro do estado, onde a seca dificultou mais o plantio. Em outubro, a colheita no oeste do estado deverá elevar a produtividade. “Já a região Sul continua uma incógnita”, diz ele.
Uma das vantagens para os produtores é que o período das geadas já passou. Há risco ainda, mas pequeno, no sudoeste.
Devido à deficiência interna de abastecimento, o trigo é um dos produtos que o país tem forte dependência externa. Com o dólar nos patamares atuais, os preços internos acabam sendo remuneradores para os produtores.
Em média, a saca de trigo está sendo comercializada a R$ 46, o que garante uma cobertura para os custos variáveis do produtor, segundo Godinho.
Nos últimos meses do ano, porém, o produtor nacional sofre com a concorrência dos argentinos, grandes exportadores de trigo. A produção no país vizinho é elevada e deverá ficar em 19,5 milhões de toneladas.
A produção paranaense, prevista inicialmente em 3,4 milhões de toneladas, poderá cair para 3 milhões. A área semeada foi de 1,1 milhão de hectares.
O Rio Grande do Sul, o segundo maior produtor nacional, semeou 682 mil hectares e deverá colher 1,4 milhão de toneladas. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), há uma recuperação da produção neste ano, em relação à anterior. A paranaense sobe 39% e a gaúcha, 23%.
O total da safra brasileira atingirá 5,2 milhões de toneladas, acima dos 4,3 milhões de 2017. Apesar desse aumento, o volume deste ano fica abaixo do da média anual de 5,6 milhões de toneladas dos cinco anos anteriores.
Com um consumo estimado em 11 milhões de toneladas, o Brasil terá de importar 6,3 milhões neste ano para equilibrar consumo e repor estoques, segundo a Conab.
Problemas climáticos em algumas das principais regiões produtoras de trigo no mundo farão com que a produção do cereal caia para 733 milhões de toneladas em 2018/19, segundo dados do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Na safra anterior, o volume colhido foi de 758 milhões.
O consumo, que foi de 741 milhões de toneladas em 2017/18, deverá ser de 746 milhões nesta safra, segundo o órgão americano.
Florestas O valor da produção da silvicultura (obtido em florestas plantadas) atingiu R$ 14,8 bilhões em 2017, com evolução de 5% em relação a igual período anterior. Essas receitas vieram de 5,3 milhões de toneladas extraídas, segundo dados do IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística).
Toras A extração de madeiras foi de 4,9 milhões de toneladas, no valor de R$ 14,4 bilhões. A maior evolução no segmento ficou para as toras não destinadas a papel e celulose (produção destinada à construção naval, à indústria moveleira, à construção civil etc.), cujo valor de produção atingiu R$ 4,5 bilhões no ano passado, 17% mais do que em 2016.
Fonte: Folha SP