As exportações da região da América Latina e Caribe crescerão menos neste ano. O valor das exportações de bens crescerá 9,7% em 2018, depois de aumentar 11,5% em 2017, segundo relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
A principal razão por trás dessa desaceleração é o crescimento menor do que o esperado de alguns países, o que levou a um esfriamento da demanda externa.
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"O crescimento global não está mais sincronizado como estava no ano passado", afirma Mario Cimoli, secretário executivo adjunto da Cepal. "Em 2017 cresciam por igual Estados Unidos, Europa, China e Japão, e neste ano há uma desincronização do crescimento, que faz a demanda global ser menor."
Segundo o relatório "Perspectivas do Comércio Internacional da América Latina e do Caribe 2018", divulgado ontem pela Cepal, a alta de 9,2% estimada para 2018 deve-se ao aumento de 7,6% nos preços e de 2,1% no volume exportado.
A alta, portanto, se dará mais pelos preços do que por volume exportado. "As notícias não são más, mas mostram que continuamos com o problema de sempre: exportando recursos com pouco valor agregado e sem integração de cadeias produtivas", diz Cimoli.
Apesar do aumento, o volume das exportações da América Latina e Caribe crescerá menos da metade do das demais economias em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial do Comércio, somadas, as exportações de economias em desenvolvimento crescerão 4,6% neste ano.
As importações de bens pela região também terão alta pelo segundo ano consecutivo. Haverá crescimento de 9,5% no valor das importações, sendo 4,9% em volume e 4,6% devido aos preços.
Além da redução da demanda externa, a Cepal alerta para incertezas decorrentes de tensões comerciais entre EUA e China, que estão "freando o dinamismo" do comércio mundial".
No relatório, a comissão destaca ainda o setor de comércio eletrônico com potencial para dinamizar e diversificar as exportações da região. A participação da América Latina e do Caribe no comércio eletrônico transfronteiriço global aumentaria de 2,6% em 2014 para 5,3% em 2020, segundo a Cepal.
Nesse sentido, a comissão recomenda promover a simplificação do financiamento para o comércio eletrônico, assim como modernizar aduanas e serviços postais. Reduzir custos para pagamentos transfronteiriços on-line também seria desejável, afirma a Cepal.
Fonte: Valor