O resultado ruim de 2016 é menos importante que a perspectiva de melhora de 2017, na visão da maior parte dos empresários e executivos entrevistados pelo Valor sobre o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado. Na visão de Rômel Erwin de Souza, presidente da Usiminas, o cenário econômico é "bastante desafiador" atualmente, mas a perspectiva é de estabilização em 2017. Para ele, empresas que fizerem o "dever de casa" sairão fortalecidas. Para o ano, a Usiminas prevê crescimento moderado da demanda. "Será um ano de reversão de curva, e esperamos que a tendência positiva se consolide em 2018", disse.
A queda de 3,6% do PIB no ano já era esperada e há alguns sinais de recuperação, mas o cenário político instável ainda impõe cautela, avalia o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo. "Há uma série de fatores positivos, mas o cenário político conturbado não permite dizer que, de fato, o pior tenha ficado para trás."
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Apesar do recuo de 0,9% no quarto trimestre, já se nota alteração na trajetória do indicador, e a expectativa é de retomada de números positivos no início deste ano, avalia Elizabeth de Carvalhaes, presidente-executiva da Ibá, entidade que reúne os produtores de celulose, papel, painéis e pisos de madeira e florestas.
A queda maior que a esperada no quarto trimestre mostra quão profunda está sendo a recessão brasileira e como será difícil sair dela, disse James Gulbrandsen, sócio da gestora de recursos NCH Capital. O americano, que mora há seis anos no Brasil, acredita que a economia precisará de reformas para voltar a crescer.
O presidente da Abramat (associação da indústria de material de construção), Walter Cover, avalia como ruim, mas esperada, a queda do PIB. Segundo ele, as vendas da indústria de materiais caíram 11,5% em 2016, configurando a terceira retração consecutiva do setor. Já o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Construção Civil (Sinduscon-SP), José Romeu Ferraz Neto, avalia que o desempenho do PIB foi dentro do esperado. Ele não vê sinais de melhora do setor neste ano.
Na avaliação de Milton Rego, presidente da Associação dos Fabricantes de Alumínio (Abal), o desempenho de 2016 foi pressionado pela agenda política, que se sobrepôs à econômica.
Fonte: Valor