SÃO PAULO - Desde 2003, existiu uma opção do governo federal de se aproximar mais de países em desenvolvimento e isso não foi um movimento político ou ideológico, afirmou Gleisi Hoffmann, senadora do Estado do Paraná, eleita pelo PT, em referência às críticas às estratégias de comércio exterior do país. Para ela, tais críticas denotam falta de visão estratégica.
Gleisi participa do evento “Uma agenda para a dinamização da exportação de serviços”, organizado pelo Valor, no lugar do senador Delcídio Amaral, que teve compromissos em Brasília.
“Ultimamente, tudo que eu ouço sobre política externa brasileira é que somos bolivarianos”, afirmou. “Precisamos da ajuda dos senhores que conhecem importância do mercado exterior para que a gente tire o preconceito imenso com relação a isso. O debate do jornal Valor é importante e eu espero que a gente consiga fazer um debate desse junto ao Congresso Nacional”.
A senadora ressaltou que o crescimento da exportação à China nos últimos anos foi de 1.670%, enquanto que, com os EUA, a alta foi de 68%. “Não é porque não somos alinhados ideologicamente com os americanos. Queremos aprofundar as relações com eles”, disse. Ela lembrou um relatório da OMC de 2013, segundo o qual a tendência nas exportações é que os países em desenvolvimento cresçam de duas a três vezes mais que os desenvolvidos.
Quanto às críticas à política de empréstimos externos do BNDES, a senadora afirmou que, com isso, “damos elementos para que competidores externos possam ganhar terreno”. Ela lembrou que o Brasil tem um histórico de 30 anos de política de financiamentos com Angola. “Temos milhares de fornecedores brasileiros lá”, disse. Ela citou ainda um projeto no setor de telecomunicações ligando Fortaleza a Luanda. “Imagine as oportunidades. E nesses 30 anos nunca houve falta de pagamento”.
Com relação à Venezuela, ela afirmou que são 15 anos de comércio e destacou que, no período, o Brasil foi superavitário. Já quanto à Cuba, rebateu as críticas dizendo que “temos que ir para a Cuba, sim. Essa aproximação com os EUA vai fazer do país uma oportunidade. Não temos dúvidas do potencial de desenvolvimento lá. Essa abertura é muito grande”, disse. “Cuba é uma espécie de Cingapura do Caribe e vamos estar lá”.
Para Gleisi, a política de empréstimos do BNDES faz parte da visão que o governo tem do comércio exterior, lembrando que o percentual de crédito para o exterior (3% da carteira do banco) é baixo. “Que país desenvolve sua indústria sem subsídio à exportação? Mas isso virou embate politico. Nós não podemos financiar serviços de engenharia no exterior? Total falta de visão estratégica”.
Para ela, não há como o BNDES “sair por aí” dando informação preciosa para a competitividade de seus clientes. “E como toda instituição financeira ele presta contas ao BC, CVM e TCU, que é uma força também política”.
Fonte: Valor Econômico/Flavia Lima e Tainara Machado
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