O Brasil registrou, em 2017, um aumento de 4% no fluxo de investimentos externos. Ainda assim, perdeu uma posição no ranking dos principais destinos de apostas de empresas de todo o mundo. Os dados fazem parte de um informe publicado nesta segunda-feira pela Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), às vésperas do encontro do Fórum Econômico Mundial em que Michel Temer tentará convencer executivos de que “o Brasil voltou”.
O Brasil terminou o ano em sétimo lugar, com US$ 60 bilhões, uma posição abaixo de 2016 quando recebeu US$ 58 bilhões. Em 2015, o Brasil havia recebido US$ 65 bilhões. No ano passado, superam a economia nacional a Austrália, Irlanda, Holanda, Hong Kong, China e os EUA, na liderança.
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O aumento do fluxo ao Brasil marca uma retomada no fluxo que, segundo a ONU, pode se intensificar em 2018. A ONU aposta em uma recuperação maior dos investimentos, atraídos por um mercado doméstico fortalecido diante de uma recuperação econômica.
“Pode haver algum sinal positivo de recuperação de investimentos, por conta do crescimento que começa a ser retomado no Brasil. Isso pode atrair investimentos a uma economia de tamanho substancial”, afirmou James Zhan, diretor do Departamento de Investimentos da Unctad.
A avaliação da entidade é que a recuperação do mercado anulará em parte as incertezas políticas em um ano eleitoral.
Em 2017, porém, o desempenho nacional foi garantido graças aos investimentos chineses. O Brasil, segundo a ONU, foi responsável pelas maiores aquisições na América Latina. Mas das dez maiores aquisições por parte de empresas nacionais por estrangeiras, nove foram realizadas por empresas chinesas no Brasil.
O resultado ainda permitiu que a América Latina registrasse seu primeiro ano de alta nos investimentos desde 2012, com alta de 3% e um total de US 144 bilhoes. Mas os volumes ainda estão 25% abaixo de seu pico.
“2016 e 2017 mostraram que os investimentos chineses foram elevados e que empresas estavam agressivas, incluindo setores como serviços e tantos outros”, disse Zhan. “Foi no final de 2017 que houve uma política na China para pedir que empresas fossem cautelosas. China ainda tem a política de incentivar a ida de suas empresas ao exterior. Mas pede cautela e isso pode se aplicar ao Brasil”, alertou.
Pelo mundo, porém, a alta do Brasil e da América Latina não se repetiu em outras regiões, principalmente entre as economias ricas. Os números revelam uma queda global de 17% em 2017. Nos EUA, a contração foi de 32%, contra uma queda de 90% no Reino Unidos. No total, os investimentos chegaram a US 1,58 trilhoes. Para 2018, a esperança da ONU é de que haja uma recuperação moderada.
Fonte: Estadão