Companhias siderúrgicas dos Estados Unidos acreditam que Washington poderá excluir da sobretaxa de 25% as importações de aço semiacabado, algo que reduziria bastante o impacto, para o Brasil, das medidas protecionistas anunciadas na semana passada. Na Europa, a expectativa é a mesma, caso a União Europeia também decida taxar as importações de aço para proteger seu mercado dos efeitos da decisão americana.
Dependentes da compra de semiacabado importado, empresas da Califórnia estão, segundo apurou o Valor, entre as que mais insistem com o Departamento de Comércio dos EUA para que esse segmento do mercado fique fora das medidas anunciadas pelo governo Trump. Algumas só processam o produto importado e alegam que, com a sobretaxa, haverá perda de produção e desemprego, o oposto dos objetivos anunciados pela Casa Branca.
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Segundo fonte do setor, na Europa o sentimento é o de que a salvaguarda que a Comissão Europeia pretende adotar, caso os Estados Unidos não os isentem da sobretaxa, deve ter exceções, uma vez que várias siderúrgicas do continente também necessitam importar aço semiacabado. Se até o fim do mês o governo americano confirmar a isenção para esse tipo de aço, a Europa fará o mesmo.
O governo brasileiro tem alegado, nos contatos com autoridades dos EUA, que existe complementaridade entre a produção de aço dos dois países. De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), o Brasil responde por cerca de 50% do aço semiacabado importado pelos americanos. Por outro lado, é grande importador do carvão mineral usado nos altos-fornos das siderúrgicas.
A Europa também é um mercado relevante para os exportadores brasileiros. Em 2017, o Brasil exportou 2,779 milhões de toneladas de aço para os 28 países da União Europeia. Do total, 62% em aço semiacabado. A região responde por 18,1% da exportação brasileira de produtos siderúrgicos.
Fonte: Valor