Os investimentos do governo federal foram novamente a rubrica mais prejudicada pelo processo de ajuste fiscal em curso. Os dados do Tesouro Nacional mostram que as despesas de capital terminaram o primeiro semestre deste ano em R$ 16,9 bilhões. O número representa uma queda de quase 37% em valores correntes em relação ao ano passado (R$ 26,7 bilhões) e de mais de 58% (R$ 40,3 bilhões) em relação a 2014, o ano em que foi registrado o maior volume de investimentos do Executivo nacional.
O acumulado do primeiro semestre foi também o menor para o período desde 2009, quando as despesas de capital ficaram em R$ 11,9 bilhões. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo, viu suas despesas encolherem para R$ 10,3 bilhões, recuo de 48,2% em relação ao ano passado. O Minha Casa, Minha Vida sofreu ainda mais, caindo 55,1% e atingindo mísero R$ 1,4 bilhão.
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Os números mostram que as despesas com Previdência e pessoal "roubaram" espaço dos investimentos dentro dos gastos primários (que excluem despesas com o financiamento da dívida pública, entre elas, juros). A queda dos investimentos tem um caráter pró-cíclico em momentos de crise: um aumento das despesas de capital não necessariamente garante a saída de uma recessão, mas um corte delas é uma receita quase certeira para que, em algum nível, essa recessão seja agravada.
Sem mudanças nas regras de aposentadoria ou de despesas com funcionários públicos, os investimentos ficarão cada vez mais comprimidos entre essas rubricas e a queda de arrecadação (como deve ser neste ano) ou entre essas rubricas e o teto de gastos (como pode ser no próximos anos).
Fonte: Valor