Mercado de aço patina e fica igual há um ano

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A demanda brasileira por aço voltou ao mesmo nível de um ano atrás. O consumo aparente em abril foi o menor desde janeiro de 2016, mostram números do Instituto Aço Brasil que serão divulgados oficialmente hoje. O índice, que reúne produtos nacionais e importados, caiu 9,1% sobre o mesmo mês do ano passado e chegou a 1,36 milhão de toneladas.

"O governo tem propagandeado a retomada da economia, mas para nós, e outros setores também, ela simplesmente não chegou. Tenho dito isso aos interlocutores em Brasília", reclama Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo da entidade. "A construção civil fala em queda neste ano, a indústria de cimento também, a de máquinas e equipamentos reza para ficar no mesmo nível do ano passado. No setor automotivo, vemos melhora, mas sobre uma base muito baixa."


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Para piorar a situação, as usinas locais estão perdendo mercado. Na mesma comparação, as vendas internas caíram 12,8% em abril e atingiram 1,21 milhão de toneladas. Ao mesmo tempo, a importação subiu 36,6%, para 153 mil toneladas. A participação do aço estrangeiro no consumo tem ficado consistentemente acima de 10% desde agosto, apesar de ter diminuído de 15,3% em março para 11,3% no mês passado.

"É um momento de desglobalização, com ações de defesa comercial em todo o mundo. Um grande exemplo é novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que de maneira clara está protegendo seu mercado", observa Lopes. "Tínhamos que agilizar a defesa comercial no Brasil. O setor está até disposto a competir com alíquota zero de importação, se quiserem, desde que se acabe com a assimetria competitiva."

Lopes voltou a demandar que o Reintegra, programa de retorno de resíduo tributário a exportadoras, chegue rapidamente a sua alíquota máxima, de 5%. Hoje, está em 1%. O pleito congrega dez diferentes setores da economia, entre siderurgia, calçados, químico, máquinas e equipamentos, automotivo, entre outros.

A situação financeira das siderúrgicas poderia melhorar consideravelmente caso houvesse essa compensação pelo Reintegra. Isso porque as exportações brasileiras de aço seguem em alta: durante abril, o volume embarcado ao exterior subiu 30,3%, para 1,16 milhão de toneladas. É o mercado externo que impede uma ociosidade maior ao setor, lembra Lopes.

No mês passado, a produção de aço bruto foi de 2,9 milhões de toneladas, 25,9% maior que um ano atrás. Parte disso se deve a novas participantes do mercado, como Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), fabricante de placas do Ceará. Assim, o uso de capacidade do setor gira em torno de 63%.

Se o Reintegra é a medida que melhor pode agir para as usinas no curto prazo, o presidente do Aço Brasil lembra que a política de conteúdo local teria de ser revisada. Se há um percentual menor de exigência de itens fabricados nacionalmente, ele lembra que a divisão entre serviços e manufaturados, por exemplo, tem de estar muito clara, ou é bem possível que mais fábricas fechem as portas.

"Eu acho que há sensibilidade dentro do governo, mas ele é multifacetado, o que é normal. Relações Exteriores [MRE] e Indústria e Comércio [Mdic] entendem o que estamos falando e há tempos estão conosco. Já a Fazenda tenta segurar ao máximo devido ao déficit público", diz Lopes. "O importante é que a palavra final é do presidente Michel Temer e, se ele perceber que não há retomada e que medidas como o Reintegra serão necessárias, acho que as tomará. Acho que nosso pleito é plausível de ser conquistado."

 

Fonte: Valor






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