Quase quatro meses depois da saída oficial dos Estados Unidos do acordo comercial Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês), ministros dos países que ainda se mantêm no bloco lutam para salvar a proposta.
Representantes do Japão e dos outros dez países que compõem o bloco — Japão, Austrália, Canadá, México, Peru, Chile, Malásia, Vietnã, Nova Zelândia, Cingapura e Brunei — se reuniram neste domingo e concordaram em discutir como avançar no acordo sem a liderança dos Estados Unidos, ainda que permaneça uma esperança de que Washington reconsidere a decisão.
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Cumprindo uma promessa de campanha, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou no dia 23 de janeiro, logo após sua posse, um decreto que retirava formalmente o país do acordo. Neste domingo, o representante do Comércio de Washington, Robert Lighthizer, reiterou que o governo dos EUA não vai retornar ao TPP. Washington “se retirou do TPP e não vai mudar a decisão”, afirmou Lighthizer no Vietnã.
— Acredito que em algum momento haverá uma série de acordos bilaterais com parceiros desta parte do mundo. Negociações bilaterais são melhores para os Estados Unidos — Robert Lighthizer, que foi negociador no governo Reagan.
O encontro de ministros dos 11 países remanescentes do bloco ocorreu em paralelo à uma reunião de ministros do Comércio da região Ásia-Pacífico (APEC), em que a política de Trump “Os Estados Unidos Primeiro”, ou “Americas First” criou tensões.
Ao contrário do que ocorre em eventos semelhantes, o encontro da APEC não conseguiu chegar a um consenso para um comunicado conjunto após a oposição dos Estados Unidos sobre os termos a serem usados no que diz respeito ao livre comércio e à luta contra o protecionismo. Em abril, o tradicional encontro anual de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) foi marcado por críticas ao protecionismo, mas o evento terminou de forma mais amena: a palavra não constou no comunicado final da reunião da elite econômica global.
No documento divulgado ao fim do encontro no Vietnã — uma declaração de ações —, não foi incluído nenhum compromisso a favor do livre comércio e contra o protecionismo, mas apenas temas como crescimento sustentável, pequenos negócios e cooperação técnica.
A reunião em Hanói foi o maior encontro sobre comércio global desde que Trump assumiu o poder e alterou a ordem mundial, diante do argumento de que os acordos multilaterais estavam sacrificando empregos nos Estados Unidos.
Os ministros de Nova Zelândia e México afirmaram que os países exploraram alternativas para avançar no pacto a despeito da saída dos EUA.
— Estamos focados em como podemos avançar com os onze países. As nações vão apresentar propostas como levar a parceria adiante em novembro — disse o ministro de Comércio da Nova Zelândia, Todd McClay.
O ministro de Economia do México, Ildefonso Guajardo, fez comentários na mesma linha.
Um dos maiores desafios é manter Vietnã e Malásia no barco, que se dispuseram a participar do projeto de olho especialmente no mercado dos Estados Unidos.
Fonte: O Globo