A Odebrecht conseguirá nas próximas semanas receber os R$ 900 milhões que faltavam da negociação de R$ 2,6 bilhões em novas linhas de financiamento anunciada no fim de maio, obtidas com garantia das ações da Braskem dadas aos bancos.
Essa segunda parcela dependia de aprovação da Petrobras, pois estava atrelada à transformação da modalidade de garantia das ações ordinárias (ON) da petroquímica. Desde 2016, as ON da Braskem detidas pela Odebrecht estavam penhoradas em favor dos bancos e agora elas serão dadas em alienação fiduciária, assim como já ocorria com as preferenciais classe A.
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A Petrobras aprovou na quarta-feira a permissão para que a Odebrecht deixe os papéis em alienação fiduciária. A estatal é sócia no controle da Braskem. Pelo acordo de acionistas, é preciso permissão dos sócios para fornecer os papéis em alienação fiduciária. A Odebrecht detém 50,1% das ações ordinárias da Braskem e 38% do capital total. A Petrobras possui 47% das ordinárias e 36% do total.
Em 2016, a Odebrecht fez a reestruturação da dívida da Atvos (ex-Odebrecht Agroindustrial), num total de R$ 11 bilhões à época, e como parte da operação forneceu toda sua participação na Braskem em garantia aos bancos. Na ocasião, a petroquímica valia R$ 13 bilhões na B3. A fatia de controle do grupo, avaliada então a R$ 5 bilhões no mercado, foi usada para cobrir uma captação de R$ 4 bilhões da holding, que foram aportados na empresa sucroalcooleira
Como desde então as ações da Braskem tiveram forte valorização na Bolsa - na sexta-feira, a companhia fechou o pregão valendo mais de R$ 46 bilhões -, a Odebrecht vem utilizando esse ganho para obter mais recursos e, com isso, suprir a necessidade de liquidez dos demais negócios controlados.
Em abril de 2017, o grupo conseguiu liberar R$ 2,5 bilhões e, no fim de maio deste ano, mais R$ 2,6 bilhões. Entretanto, a empresa só havia conseguido sacar R$ 1,7 bilhão e restavam R$ 900 milhões, que dependiam dessa aprovação da Petrobras para modificação do formato da garantia sobre as ações ordinárias.
As novas linhas deste ano foram concedidas por Itaú e Bradesco, mas os papéis da petroquímica pertencem a um grupo de bancos que, além deste dois, tem BNDES, Banco do Brasil e Santander.
O grupo Odebrecht (ODB) teve receita bruta consolidada de R$ 82 bilhões em 2017, com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 17 bilhões. A dívida líquida total estava em R$ 90,2 bilhões.
A Braskem, consolidada dentro dos resultados da ODB, teve receita líquida de R$ 49,3 bilhões no ano passado, com Ebitda de R$ 12,3 bilhões. Portanto, a petroquímica responde atualmente por mais da metade da receita e por mais de 70% do Ebitda. Sozinha, a empresa tinha R$ 35 bilhões em compromissos brutos em dezembro, considerada a operação do México e o acordo de leniência, para R$ 6 bilhões em caixa. A operação mexicana responde por cerca de um terço da dívida total.
Fonte: Valor