A Petrobras confirmou as expectativas do mercado de que não pretende disputar todas as áreas do pré-sal oferecidas nos leilões deste ano. A estatal manifestou o interesse de entrar como operadora em três dos oito ativos oferecidos nas rodadas de partilha: Peroba, Alto de Cabo Frio Central e a área da União adjacente ao campo de Sapinhoá. Vão demandar o pagamento de R$ 810 milhões, no mínimo, em bônus de assinatura.
Segundo a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes, os recursos representam apenas 0,3% dos investimentos previstos no plano de negócios (de US$ 74,1 bilhões entre 2017 e 2021) e foram levantados, dentro do orçamento da empresa, a partir da postergação de projetos de exploração na costa da Bahia.
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A previsão de aporte do bônus representa a fatia mínima de 30% da empresa, como operadora. Solange disse, porém, que o fato de ter exercido direito sobre as três áreas não implica, necessariamente, na "não participação nas outras áreas" que não teve interesse.
Entre as áreas da 3ª rodada de partilha, a Petrobras optou pelo ativo considerado mais promissor: Peroba, com volumes estimados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) de 5,3 bilhões de barris 'in place' (total contido no reservatório, mas não necessariamente recuperável economicamente).
Não à toa, Peroba tem o bônus mais caro da licitação (R$ 2 bilhões). O ativo está situado ao sul de Lula e leste de Sapinhoá, os dois maiores campos do pré-sal hoje em operação no país e que são responsáveis por um terço da produção nacional de óleo.
A opção pela área mais cara do leilão pode explicar o fato de a Petrobras ter deixado de lado Pau Brasil, a segunda mais cara (R$ 1,5 bilhão), com volumes estimados de 4,1 bilhões de barris 'in place'. Pau Brasil fica em área estratégica, próximo à descoberta de Júpiter.
Já Alto de Cabo Frio Central, o segundo ativo pelo qual a petroleira manifestou o interesse, está em uma região menos explorada, sem descobertas próximas. Ao justificar a opção pelos ativos escolhidos, Solange disse que o portfólio exploratório e a alocação de investimentos da empresa "é uma ponderação de risco-retorno".
Sobre o leilão de áreas unitizáveis (a 2ª rodada de partilha), a Petrobras não surpreendeu ao optar por Sapinhoá, já que opera a concessão adjacente à área da União colocada em leilão. A curiosidade foi a não opção pela área unitizável de Tartaruga Verde, que também é operada pela estatal. Solange disse, porém, que a empresa pretende continuar como operadora do ativo. Ela disse que a 14ª Rodada de blocos exploratórios também "está no radar" da companhia.
Fonte: Valor