A política de "hedge" (proteção financeira) nos preços da gasolina, anunciada pela Petrobras na semana passada, é uma iniciativa comercial da companhia por entender que o risco regulatório no setor está aumentando, disse Ivan Monteiro, presidente da estatal, em entrevista coletiva concedida em São Paulo nesta segunda-feira (10).
Segundo Monteiro, que promoveu hoje o "Petrobras Day" para investidores e analistas, trata-se de uma “evolução” da política de preços utilizada pela companhia, sem relação com uma determinação do governo.
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“É um aprendizado. O risco do ambiente regulatório para o segmento de refino está aumentando, e faz parte da nossa atividade comercial trazer soluções que mostrem competitividade no mercado”, disse.
O diretor financeiro da estatal, Rafael Grisolia, minimizou os riscos com as políticas de derivativos. Segundo ele, com os instrumentos utilizados, a companhia vai reproduzir os mesmos ajustes diários de preços mas de forma espaçada.
Para o diretor de refino da estatal, Jorge Celestino, a nova ferramenta reflete também o fato do mercado brasileiro estar cada vez mais sofisticado na sua forma de precificação de combustíveis. Assim, a companhia não vai precisar passar uma volatilidade extrema aos preços finais, o que seria, segundo Monteiro, “absolutamente inadequado”.
O presidente da estatal lembrou que, apenas nesta semana, dois furacões se aproximam da costa americana, o que pode trazer grande volatilidade aos preços do petróleo. “Se você adicionar também o que pode acontecer com o câmbio em ano eleitoral, poderíamos ter variações em um dia ao redor de 8%”, disse, lembrando que, ao fim dos eventos climáticos ou do período eleitoral, os parâmetros de preço tendem a retornar para os patamares anteriores.
Cessão onerosa
O presidente da Petrobras comentou também a questão da cessão onerosa, cujo projeto de lei que viabiliza o leilão dos excedentes da reserva ainda precisa ser aprovado no Senado.
“Com o Brent neste nível, achamos que seria muito importante se o governo pudesse anunciar um leilão, em especial considerando o momento de estresse fiscal”, disse Monteiro, se referindo ao leilão de excedentes da cessão onerosa. Segundo ele, a companhia espera a conclusão da discussão no Senado, tendo em vista que a realização do certame neste ano seria “muito benéfica” para todos.
Fonte: Valor