Para o setor de óleo e gás, é praticamente consenso que o Brasil precisa ter uma política de conteúdo local. No entanto, empresários ressaltam a necessidade de encontrar a calibragem adequada, a fim de evitar que seja restritiva demais e fique acima da capacidade do mercado. Mauro Andrade, vice-presidente de supply chain da Equinor, aposta em uma política de conteúdo local do futuro.
"Por que não olhamos para o futuro? Temos que desenvolver pesquisa, tecnologia, ter royalties e patentes. Isso deveria ser o foco de uma política de conteúdo local", afirma Andrade.
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Para o executivo, o país saiu de uma política muito restritiva que estava acima da capacidade de entrega do mercado brasileiro. Ele explica que a consequência disso foi a retração nos investimentos.
"Temos ainda 20 campos descobertos que não foram desenvolvidos por serem subeconômicos. Entre os motivos, está o conteúdo local. É preciso achar o balanço."
Segundo o executivo da Equinor, os últimos ajustes levaram a legislação a um patamar mais "palatável". Andrade diz ser preciso esclarecer que o conteúdo local não é uma política em si, mas uma das ferramentas da política industrial. Ele ressalta a importância do legado dessa política.
"Quando as encomendas no Brasil cessarem, meu fornecedor brasileiro estará capacitado para concorrer no mundo inteiro? No Brasil, já vemos alguns segmentos com esse perfil, como o de perfuração e completação de poços e de SURF (Subsea, Umbilicals, Risers and Flowlines) ", completa o executivo.
Convidado do talk show que abriu os debates na Arena Valor de Conhecimento no segundo dia da Rio Oil&Gas, realizada de 24 a 27 de setembro no Rio de Janeiro, Mauro Andrade destaca ainda que o Brasil é o único país do mundo que tem todas as indústrias do segmento de SURF. "Essas empresas já estão exportando para Estados Unidos, México, Europa, África e Ásia. Temos que olhar agora para o conteúdo local do futuro", completa.
Fonte: Valor