As exportações de aço cresceram 16% em valor no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2017, de US$ 3,699 bilhões para US$ 4,291 bilhões, embora, em quantidade embarcada, o setor tenha registrado queda de 5,7%, para 6,881 milhões de toneladas, no período. Os dados foram divulgados pelo Instituto Aço Brasil nesta quarta-feira (25).
PUBLICIDADE
Os números consolidados do primeiro semestre refletem as medidas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos para o aço. Segundo a entidade, o mercado para o embarque de produtos está menor, enquanto o forte crescimento do preço das exportações é resultado direto da decisão do governo norte-americano de adotar taxas e quotas para o aço.
“Nós já havíamos antecipado que essa decisão do governo dos Estados Unidos seria um tiro no pé e provocaria aumento dos preços”, afirmou o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.
O governo dos EUA tem adotado uma série de medidas protecionistas desde o início do ano. No caso do aço brasileiro, a administração de Donald Trump decidiu impor quotas para os produtos brasileiros, no modelo hard quota (quota dura). Ou seja, se o total estipulado de exportação for ultrapassado, não será mais possível vender o produto para os EUA.
A decisão desencadeou uma série de medidas pelo mundo e adoção de salvaguardas por outros países e blocos. Recentemente a União Europeia adotou medidas para proteger a indústria local de uma possível enxurrada de aço importado por causa do fechamento do mercado norte-americano.
Maiores exportadores de aço para os EUA (Foto: Ilustração: Juliana Souza/G1) Maiores exportadores de aço para os EUA (Foto: Ilustração: Juliana Souza/G1)
Maiores exportadores de aço para os EUA (Foto: Ilustração: Juliana Souza/G1)
Previsão para o ano piorou
Indústria de aço brasileira sofreu perdas significativas desde a relação comercial entre China e EUA se deteriorou (Foto: GETTY IMAGES) Indústria de aço brasileira sofreu perdas significativas desde a relação comercial entre China e EUA se deteriorou (Foto: GETTY IMAGES)
Indústria de aço brasileira sofreu perdas significativas desde a relação comercial entre China e EUA se deteriorou (Foto: GETTY IMAGES)
Embora as exportações tenham crescido em valor neste primeiro semestre, o Instituto Aço Brasil piorou nesta quarta as projeções para o ano que foram feitas em abril, portanto, antes das decisões do governo Trump.
Para as exportações em valor, a expectativa passou de crescimento de 27,7% para alta de 18,3%, a US$ 9,517 bilhões. Em quantidade, a revisão foi de aumento de 10,7% para recuo de 0,6%, a 15,262 milhões de toneladas.
Para a produção de aço, a expectativa agora é de crescimento de 4,3%, para 34,3 milhões de toneladas. Em abril, a projeção era de alta de 8,6%.
“Todas essas projeções foram feitas antes da adoção das medidas de proteção dos Estados Unidos e Europa e sem essa piora de cenário”, afirmou Mello Lopes. “É uma indústria que se recupera, mas de forma gradual.”
Impacto da greve dos caminhoneiros
O setor de aço também estimou em R$ 3,3 bilhões o impacto com a paralisação de maio dos caminhoneiros.
Segundo o Instituto Aço Brasil, R$ 1,1 bilhão foi o impacto direto da greve, R$ 1,3 bilhão é o montante que o setor perdeu com a tabela do frete e R$ 400 milhões será a perda registrada pela redução da alíquota do Reintegra - medida que o governo utilizou para compensar as políticas em favor dos caminhoneiros para encerrar as greve.
Fonte: G1