A Arábia Saudita pode ter apanhado de 5 a 0 da surpreendente Rússia na abertura da Copa, na semana passada, mas seu príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, voltou para casa com uma vitória muito maior.
O reino árabe e o anfitrião do Mundial, Vladimir Putin, se uniram para tentar manter o controle do preço do barril do petróleo nos níveis atuais —logo abaixo de US$ 75 (R$ 284,16).
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Príncipe saudita Mohammed bin Salman (à esq.) assiste à abertura da Copa com o presidente Vladimir Putin (à dir.) - Reprodução/Globo
A proposta será colocada na mesa da Opep (Organização dos Países Impotadores de Petróleo), que se reúnem nesta sexta-feira (22) e neste sábado (23) em Viena.
Os sauditas estão no segundo lugar no ranking de produtores da commodity, e os russos, em terceiro. O adversário que eles miram está no primeiro lugar: os EUA.
Em 2017, Rússia e Opep concordaram em diminuir a produção. O objetivo era reverter a queda excessiva do preço do barril, que chegou a bater em US$ 27 (R$ 102,30) no começo de 2016.
O declínio vinha de 2014, ano em que a Rússia também passou a experimentar problemas de crédito por causa das sanções ocidentais que sofreu por anexar a Crimeia da Ucrânia.
Com isso, experimentou dois anos de recessão. A proposta de corte na oferta foi seguida pela Opep, grupo do qual a Rússia não é membro.
O maior corte é na produção da Venezuela, país em crise e necessitando de dinheiro: 665 mil barris a menos por dia.
A medida deu certo de forma paulatina. Neste ano, os EUA deram uma mãozinha ao deixar o acordo que suspendia o programa nuclear do Irã.
A precificação do risco geopolítico levou a uma disparada, e o barril chegou a US$ 75, gerando impactos mundo afora.
No Brasil, por exemplo, o preço do diesel importado foi o estopim da paralisação dos caminhoneiros, que apavorou políticos e travou o país.
Só que agora os Estados Unidos de Donald Trump e, em menor medida, a China de Xi Jinping chiaram.
Desde que desenvolveram novas tecnologias para a extração do produto, os americanos elevaram sua produção e devem ultrapassar russos e sauditas no ranking neste ano, segundo a Agência Internacional de Energia.
Fonte: Folha SP