A produção industrial fluminense cresceu pelo terceiro mês seguido e avançou 0,7% em março, na comparação com fevereiro, na série com ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM-PF Regional), do IBGE.
A sequência recente de resultados positivos no Estado é impulsionado pela indústria extrativa e o setor automotivo, aponta Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). O IBGE não divulga os percentuais de crescimento por segmento na série ajustada. Na média nacional, a produção industrial recuou 1,8% em março, na série ajustada do IBGE.
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O Rio acumula nos três primeiros meses do ano alta de 4,8%, na comparação com igual período de 2016. É o melhor resultado para o trimestre desde 2011, quando a indústria fluminense havia crescido 5,2%. O problema, diz Cagnin, é que o comportamento das commodities em abril foi de queda, o que pode interromper a série.
Em relação a março do ano passado, a indústria fluminense também cresceu. O avanço de 6,1% em março foi o melhor resultado neste tipo de comparação desde janeiro de 2013, quando a atividade avançou 12,6%. Duas atividades puxaram este crescimento: a indústria extrativa cresceu 10,1% em março, no confronto com igual mês do ano anterior, e a metalurgia subiu 36,3% no período.
"Temos visto uma recuperação em forma de estancamento da crise. Isso tem sido impulsionado ainda por alguns poucos ramos da indústria, alguns poucos ramos de peso tem tido bom desempenho", disse o economista do Iedi.
No Rio, outras pressões positivas importantes vieram das atividades de veículos automotores, reboques e carrocerias (31,6%), de bebidas (38,8%) e de produtos de metal (34,1%), influenciadas, segundo o IBGE, principalmente, pelos avanços nos itens automóveis e caminhões, na primeira; cervejas e chope, na segunda; e esquadrias de alumínio, na última.
O resultado positivo do Rio contrasta com a forte queda da produção de São Paulo, que em março recuou 1,7% e aprofundou a distância da atividade no Estado de seu melhor momento, em março de 2011. A indústria paulista está 26,2% abaixo do ponto mais alto da série. A atividade voltou a operar em patamares de produção semelhantes aos registrados entre setembro e outubro de 2003.
São Paulo representa cerca de 30% do parque industrial brasileiro e possui segmentos diversificados, que acabam dividindo os pesos. Nenhuma dessas atividades é capaz de puxar sozinha uma recuperação, como ocorre no Rio. "É preocupante essa trajetória de margem em São Paulo, mostra fragilidade", lamenta Cagnin.
Entre os fatores econômicos que não ajudam a indústria a deslanchar estão o desemprego, que permanece mostrando sinais negativos, e a massa salarial deprimida, enumerou Rodrigo Lobo, analista de indústria do IBGE. Além disso, a redução da taxa básica de juros não foi repassada para os tomadores de crédito ou os empresários que querem investir. "Esses fatores se sobressaem a movimentos da taxa Selic e da inflação", destaca Lobo, referindo-se ao recuo recente nos juros, e o arrefecimento da inflação, que poderiam ajudar na melhora da produção industrial.
A produção industrial recuou em 8 dos 14 locais pesquisados em março, na comparação com fevereiro. No confronto com igual período do ano passado, houve crescimento em 8 de 15 locais.
A queda da produção em Santa Catarina, de 4% no confronto com fevereiro, foi a maior do mês. O maior avanço foi registrado no Amazonas, que teve alta de 5,7% na produção industrial.
Fonte: Valor