Os acionistas controladores da Usiminas, em clima de desentendimento há dois anos, chegaram a um acordo para votar a proposta de aumento de capital de R$ 1 bilhão. A capitalização da empresa, que enfrenta uma crise financeira, será submetida hoje à aprovação em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) de acionistas.
Segundo apurou o Valor, Nippon Steel & Sumitomo e o grupo Ternium-Techint chegaram a um consenso na sexta-feira sobre a necessidade de capitalizar a empresa. O grupo ítalo-argentino era contrário à essa proposta, que envolve a emissão de 200 milhões de novas ações ordinárias. Sua proposta, derrota duas vezes em reuniões do conselho de administração, era de R$ 563 milhões, divididos em papéis ON e PN.
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A capitalização é a principal exigência do credores da Usiminas para fazer uma rolagem da sua dívida - quase R$ 6 bilhões até o fim de 2018. Nove bancos, nacionais e estrangeiros, firmaram em 18 de março um acordo de 'stand still' para os pagamentos pelo prazo de 120 dias, atrelado à sua aprovação. Sem isso, perde valor e a empresa já ficará inadimplente em cerca de R$ 400 milhões, apurou o Valor.
Está prevista ainda a injeção de ao menos R$ 600 milhões no caixa da Usiminas, que está praticamente zerado, oriundo da distribuição de recursos da controlada Mineração Usiminas (Musa), que tem, sem uso, R$ 1,3 bilhão. A Usiminas é dona de 70% da Musa a Sumitomo Corporation, que tem de concordar, os demais 30%.
Com o acordo no bloco controlador da siderúrgica, a expectativa é de aprovação tranquila da capitalização. Em conjunto, esse grupo de acionistas, que inclui a Previdência Usiminas, detém 76% do capital votante. A AGE está marcada para as 8h de hoje.
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é a principal acionista fora do bloco de controle, com 14,13% das ON. A empresa, que tem direitos políticos congelados pelo Cade, é contrária ao aumento de capital. Avaliava ir à Justiça para suspender a AGE, pois defende em primeiro lugar que a Usiminas use R$ 900 milhões da Musa. Aprovada a proposta, os acionistas terão 30 dias para subscreverem
Fonte: Valor Econômico/Ivo Ribeiro | De São Paulo