Após enfrentar o que considera "o pior ano em muito tempo", a fabricante de tubos Vallourec vê espaço para começar a recuperação de seu balanço em 2017. A consolidação desse movimento, contudo, viria apenas com a melhora de preços dos produtos, algo que é esperado para o fim deste ano.
Manfred Leyerer, diretor financeiro da Vallourec Soluções Tubulares do Brasil (VSB), afirmou que grande parte do potencial de ganho no mundo hoje se encontra nos Estados Unidos. No ano passado, quando o preço do petróleo começou a subir, a atividade no xisto americano, pela exploração não convencional, se acelerou rapidamente. A fábrica local do grupo francês não atendia à demanda e, dessa forma, a divisão brasileira começou a contribuir também.
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"Mas essa operação tem participação limitada no nosso negócio e parece ter prazo de validade", disse. "Para se ter uma noção, foram despachadas apenas 341 mil toneladas no ano passado. E agora a unidade dos EUA está em processo de 'ramp-up' [curva de aprendizagem após estreia] de um laminador e em breve vai conseguir atender à procura sozinha."
No resto do mundo, a perspectiva de crescimento, tanto nos investimentos quanto na consequente exploração, é menor. No Oriente Médio, por exemplo, para quem a Vallourec fornece também intragrupo, os países estão, na verdade, reduzindo o ritmo, após o acordo de teto produtivo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Mas ao menos um efeito benéfico os cortes do cartel trazem para a fabricante de tubos. Como os preços se recuperaram desde então, o ânimo para investir aumentou. Já se sente retomada da demanda pelos produtos, essenciais na extração petrolífera.
"No Brasil, tínhamos um choque com o menor preço do barril, o que levou a Petrobras a dificuldades financeiras, mas também o escândalo da [Operação] Lava-Jato [da Polícia Federal]", lembra Leyerer. "O que vemos agora são planos estratégicos muito mais consistentes com a realidade e com nossas próprias análises. Temos a impressão de que a Petrobras encontrou o rumo para sair do sufoco em três a cinco anos."
Mas, enquanto isso, a VSB sofreu o que o diretor financeiro chamou de "o pior ano de que me lembro" em 2016. O executivo chegou à empresa no começo da década de 1990. "No balanço, aparecem todas essas questões de petróleo baixo, recebimentos futuros afetados pelo preço menor, com um câmbio desfavorável", diz.
Mas o que mais pesou no resultado, na verdade, foi o efeito contábil da união das operações brasileiras. Como a demanda mundial encolheu e a ociosidade das máquinas da Vallourec estava alta internacionalmente, várias operações foram combinadas. No Brasil, em acordo com a sócia japonesa Sumitomo, as usinas de Barreiro e Jeceaba, ambas em Minas Gerais, também se fundiram.
No balanço, a empresa informou prejuízo líquido de R$ 63,8 milhões em 2016. Queda de 59% na comparação com 2015. A fábrica de Jeceaba foi reavaliada para o processo e, contabilmente, gerou perda por conta de valor justo de R$ 780 milhões. A receita subiu 42%, para R$ 1,51 bilhão.
Fonte: Valor