Negócio põe a BP no pré-sal brasileiro

Cláudia Schuffner, do Rio
Um dos pontos mais elogiados por analistas de mercado a respeito da aquisição bilionária dos ativos da Devon pela britânica BP - por nada menos que US$ 7 bilhões em dinheiro - é que a operação permite a entrada da companhia no setor brasileiro de águas profundas, o que era considerado um "buraco" no seu portfolio. A BP é uma das poucas grandes empresas de petróleo fora da indústria petrolífera no Brasil, pelo fato de ter passado dez anos sem participar das licitações da ANP, a agência reguladora do setor no país.
No início da abertura do setor, a empresa tinha participação no bloco BM-FZA-2 na bacia da Foz do Amazonas que foi adquirido na chamada Rodada "Zero", assim chamada porque a Petrobras negociou diretamente parcerias em blocos exploratórios que ela detinha antes da criação da ANP. Na Primeira Rodada da agência, realizada em 1999, ela participou de um consórcio que adquiriu outro bloco na mesma bacia, o BM-FZA-1, em parceria com a Exxon, Petrobras, Shell e British Borneo. Ambos foram devolvidos no final do período exploratório, sem que nenhuma descoberta comercial tivesse sido anunciada.
Não por acaso, a BP tem sido uma das empresas que têm feito críticas fortes da nova legislação no que diz respeito à virtual volta do monopólio da Petrobras no pré-sal, liderando também as cobranças para retomada das rodadas de licitações da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Ao comprar ativos da Devon, a BP passa a ter no Brasil uma produção ainda pequena - apenas 16 mil barris por dia - no campo de Polvo, na bacia de Campos. O projeto, onde a
Esse volume vai aumentar já que o campo de Polvo, na bacia de Campos, está em fase de desenvolvimento da produção e em fase de conexão de mais poços na plataforma. Nesse campo, localizado a cerca de 100 km de Cabo Frio, está prevista uma produção de 50 mil barris desde 2007, o que ainda não aconteceu.
A BP também entrará no pré-sal passando a deter participação acionária no prospecto Wahoo (no bloco BM-C-30 operado pela Anadarko), que é próximo do Parque das Baleias, onde a Petrobras já produz no pré-sal da bacia de Campos através do campo de Jubarte.
Outro ativo em que a BP será operadora é Itaipu, nome de uma área descoberta no bloco BM-C-32 em dezembro do ano passado na parte sul da bacia de Campos, também no pré-sal. O portfolio da BP no Brasil passa a contar com participação acionária em oito blocos exploratórios nas bacias de Campos, Camamu Almada, Barreirinhas, que têm profundidades variando de 100 a 2.780 metros, e ainda dois blocos em terra na bacia do Parnaíba. Nesses dois últimas ela se torna sócia da Vale e da Petrobras. A empresa também se torna sócia da Petrobras no campo de Xerelete, na bacia de Campos, em fase de desenvolvimento da produção.
"Para o país foi positivo. A BP certamente tem uma maior capacidade financeira para elevados investimentos do que a Devon, além da sua comprovada experiência em águas profundas", avalia o analista Nelson Rodrigues Matos, do Banco do Brasil Investimentos. Ele observa ainda que o mapa brasileiro de exploração, há algumas empresas de pequeno porte ainda participando em investimentos em águas profundas, inclusive no pré-sal da Bacia de Santos.
Resta saber se os parceiros nos consórcios, inclusive a Petrobras, não exercerão o direito de preferência. Não sei também se já houve algum tipo de negociação sobre esse direito.
Presidida no Brasil por Shafe Alexander, a BP foi a primeira petroleira a negociar uma associação na área de biocombustíveis no país. O plano é investir aqui US$ 1 bilhão em usinas de açúcar e álcool em Goiás. Para isso foi criada a Tropical Bioenergia, fruto de uma associação, em abril de 2008, com os grupos Maeda e a Santelisa Vale.
"Faz todo sentido, a BP queria participar dessa festa do pré-sal, era a única grande de fora e agora entrou. Comprou um ativo nada extraordinário mas que dá o tiquete para ela fazer parte do jogo. Mas a grande beneficiária é a OGX, que sai valorizada porque essa operação mostrou que a OGX é uma empresa que vai valer muito dinheiro", avalia o economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro e Infra Estrutura.
Para Pires, a operação já era quase esperada. "Faz todo sentido porque a BP queria participar dessa festa do pré-sal, era a única grande de fora e agora entrou. Ela comprou um ativo nada extraordinário, mas que dá o tiquete para ela fazer parte do jogo. Mas a grande beneficiária é a OGX, que sai valorizada porque essa operação mostrou que a OGX é uma empresa que vai valer muito dinheiro", avalia o economista, fazendo referência à empresa do bilionário Eike Batista, uma novata no setor. (fonte: Valor)

 

 

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