Petrobras quer estimular indústria naval com estaleiro no Ceará em breve

"Primeiro, façam estaleiros; segundo, façam estaleiros; terceiro, façam estaleiros". É dessa forma que o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, tem aconselhado investidores duvidosos no que concerne ao futuro da indústria de petróleo e gás natural.

Por enquanto, o Ceará continua "a ver navios", excluído do boom do setor naval brasileiro dos últimos anos, mas o executivo da estatal disse, durante coletiva sobre o balanço do Programa Empresa Brasileira de Navegação (EBN) ter "crença que em breve o Ceará vai ter seu estaleiro". "Eu acho que com a ida de uma refinaria para o Estado, com o aumento da capacidade industrial, tem todo sentido o Ceará fazer esse pleito por um estaleiro", opina.

Roberto Costa já conversou com o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, sobre o estudo que indica quais locais serão os mais indicados para a construção de um empreendimento de médio porte do tipo no litoral cearense. O relatório final foi entregue pela empresa Concremat Engenharia à subsidiária da petrolífera na última segunda-feira, 28. A Transpetro está avaliando, o presidente Sérgio Machado está avaliando o tema, e acredito que talvez em 30 ou 60 dias se tenha uma posição a respeito", comentou o diretor de Abastecimento.

"Faltou articulação"

Paulo Roberto Costa criticou ainda a falta de articulação entre Governo do Estado e Prefeitura de Fortaleza com relação ao impasse para a instalação do Estaleiro Promar Ceará na Capital, polêmica que teve seu ápice durante o primeiro semestre do ano passado, comparando à agilidade que teve Pernambuco em arrebatar o projeto. "É preciso que as autoridades locais, a nível de governo estadual e governo municipal, sejam proativos nessa decisão. Não vou entrar em detalhes, mas o estaleiro saiu lá do Ceará e dois dias depois estava em Pernambuco, já com terreno liberado, com área liberada e tudo. Então, tem que ter uma ação muito proativa de incentivos, de participação, entre Estado e Município", critica.

Conforme disse, a real vinda de uma planta do tipo no Estado depende, além dessa articulação, de iniciativa do empreendedor privado atrelada à quantidade de encomendas por parte da Petrobras, o que não deve ser problemas, já que se especula um EBN 3 e um Promef 3 (Programa de Modernização e Expansão da Frota).

Polêmica

O Ceará teve sua primeira chance de ter um estaleiro de grande porte em 2010, quando o Promar Ceará venceu licitação do Promef para a construção de oito gaseiros. A partir disso, deu-se início a uma queda de braço entre Prefeitura de Fortaleza e Governo do Estado com relação ao projeto. Este queria a instalação da planta na Praia do Titanzinho, no Serviluz. Aquela, questionava os impactos ambientais de uma obra de tal envergadura, além da própria instalação em um centro urbano, na contramão do que é feito no mundo. Com o fim do prazo dado pelo investidor para a resolução do impasse, Pernambuco conseguiu articular a ida do intento para Suape.

Alternativa

Uma alternativa, defende o engenheiro naval Paulo Lemgruber, da Interocean Engenharia & Ship Management, empresa que faz assessoria para construção de embarcações, teria sido o fortalecimento da Inace, estaleiro já em operação no Ceará. "O cearense não está valorizando a importância de um estaleiro como a Inace. Nos anos 70, quando vários outros estaleiros foram a falência, a Inace continuou operando. Não apoiar o empresário local é um grande erro. Lá não tem condição de construir navios do Promef porque não é apoiado. A Inace é exemplo para a indústria naval do Brasil, faz navios militares que nenhum estaleiro do Sudeste conseguiu entregar".

Fonte: Diário doNordeste(CE)






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