Prefeitura de Fortaleza quer colher informações sobre o Pecém, para subsidiar posição sobre o local do estaleiro Promar
Pressionada politicamente para definir um local para instalação do Estaleiro Promar Ceará, depois que rejeitou categoricamente a Praia do Titanzinho, e após sobrevoar possíveis locais em Fortaleza, a Prefeitura Municipal envia representantes hoje, ao Porto do Pecém.
Pela manhã, titulares das secretarias municipais de Planejamento e Infraestrutura e do Instituto de Arquitetos do Brasil no Ceará (IAB/CE) visitarão o terminal portuário, para colher dados para elaboração de diagnósticos técnicos que permitam uma tomada de decisão, quanto ao local mais adequado socioeconomicamente para o empreendimento.

O grupo será composto pelos secretários municipais de Infraestrutura, Luciano Feijão, e de Planejamento, Alfredo Pessoa, além do coordenador de Planejamento da Sepla, José Meneleu, e pelo vice-presidente do IAB-CE, José Sales e pelos arquitetos conselheiros da entidade, Custódio Santos Neto e Inácio Montenegro.
Segundo a assessoria de Imprensa da Prefeitura, as informações recolhidas sobre todos os locais visitados serão analisadas e discutidas pelo secretariado municipal e a prefeita Luizianne Lins, em reunião que ela promoverá a partir das 11 horas, da próxima segunda-feira, 24, no Paço Municipal.
Consultada em Brasília, onde participou da Marcha dos Prefeitos, Luizianne Lins evitou falar sobre o estaleiro e disse apenas que realizará reuniões hoje e na segunda-feira, para debater sobre o assunto.
Estudo de viabilidade
"Vamos levantar os dados possíveis para um estudo de viabilidade do estaleiro no Pecém", explicou Santos Neto, ao confirmar que o grupo do IAB-CE foi convidado pela Prefeitura para fazer o levantamento.
Segundo ele, a instituição mantém a posição contrária à instalação do equipamento na costa de Fortaleza, seja no Titanzinho, na Inace ou no Pirambu.
De acordo com Santos Neto, a proposta é conseguir levantar os custos financeiros, econômicos, sociais e ambientais da implantação do equipamento no Pecém, numa tentativa de mostrar que, mesmo ao preço mais elevado, pode valer mais a pena o Estado bancar o empreendimento privado no terminal portuário, do que na orla de Fortaleza. Para o deputado Nelson Martins, líder do governo do Estado, na Assembleia Legislativa, não faz sentido o Estado bancar um custo, já estimado pelo empresário, em torno de R$ 1 bilhão, para construir o estaleiro no Pecém, quando poderia ser feito no Titanzinho, ou no Pirambu, por um quinto desse valor. "Porque a empresa (PJMR, sócio do Promar Ceará) vai querer gastar mais em um negócio, que ela pode fazer por menos em outro Estado", questionou o parlamentar cearense. Até ontem, o compromisso do governador Cid Gomes era o de investir US$ 30 milhões na infraestrutura da área do empreendimento.
Diante da continuidade do impasse, Nelson Martins voltou a defender que governo do Estado, Prefeitura, acompanhadas pela OAB-CE, IAB-CE e associações comunitárias do Titanzinho e do Pirambu sejam consultados para opinar. Em pronunciamento na Assembleia, Martins destacou a matéria "Estaleiro deve atrair MPEs", publicada ontem, pelo Diário do Nordeste, que mostrou as oportunidades de surgimento de micros e pequenas empresas no entorno do empreendimento naval.
Calado
Enquanto o tempo passa e nada se resolve, o governo do Estado mantém-se calado em relação ao estaleiro, numa demonstração de que deixou nas mãos da prefeita e do empresário Paulo Haddad a solução para o impasse, que já perdura quatro meses. Por dois dias, a reportagem tenta falar com o secretário estadual de Infraestrutura, Adail Fontenele que, apesar dos recados, não retornou as ligações.
Divergência
"Construir no Pecém representa um custo cinco vezes maior do que no Titanzinho"
Nelson Martins
Deputado estadual
"Pode até ser mais interessante o Estado pagar mais no Pecém, do que em Fortaleza"
Custódio Santos Neto
Conselheiro do IAB-CE

Fonte: Diário do Nordeste (CE)/CARLOS EUGÊNIO