Embarcação afunda em Mar Grande; 23 mortes foram confirmadas

O naufrágio da lancha Cavalo Marinho I deixou 23 mortos na manhã desta quinta-feira (24) em Mar Grande, na Ilha de Itaparica. A Marinha confirmou que resgatou 22 corpos do naufrágio. Segundo a Secretaria de Saúde de Salvador, a 23ª vítima foi uma criança que morreu no Terminal Marítimo, em Salvador, após equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tentarem reanimá-la.

Ao CORREIO por telefone, o tenente Fernando Araújo contou que, por volta de 11h, havia 17 corpos em Mar Grande - e 5 em Salvador. No total, 133 pessoas viajavam na embarcação, 129 passageiros e 4 tripulantes. A embarcação da Asssociação de Transportadores Maritímos da Bahia (Astramab), que tem capacidade para transportar 162 passageiros, virou pouco depois de sair do terminal de Mar Grande. 


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A Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) informou que 70 pessoas resgatadas foram levadas para a UPA de Mar Grande e outros 15 foram levadas para o Hospital Geral de Itaparica. Destas, dois foram conduzidos para o Hospital do Subúrbio e um para o Hospital Geral do Estado, em Salvador. O estado de saúde das vítimas ainda não foi informado. Outras, 34 vítimas foram atendidas no Terminal Marítimo, em Salvador.

"Havia várias pessoas idosas e crianças. Depois que lancha virou, levamos quase duas horas dentro do mar até sermos resgatados. Quando começou a chover forte, o pessoal correu para o outro lado. Foi bem na hora que a onda veio e desequilibrou. Virou para meu lado. Quase eu morro pra sair do mar. Foram quatro tentativas. Ainda ajudei umas pessoas. Imagine se fosse em alto mar? Machuquei a perna e o braço. Mas foi irresponsabilidade da empresa e falta fiscalização. Há duas empresas e elas não são unidas", contou Edvaldo Santos, 51 anos, sonoplasta. Ele perdeu carteira com todos os documentos no acidente.

Pescadores e moradores auxiliaram no resgate levando as vítimas para a areia da praia. Moradores de Mar Grande foram para o pier assim que souberam do acidente. Embarcações particulares tentaram se aproximar do local do naufrágio para ajudar a socorrer as vítimas. 

"Quando eu percebi que tinha virado eu já estava em baixo da água tentando respirar e não conseguia. Eu pedi tanto a Deus que eu suspendi a cabeça e tive a respiração. As madeiras começaram a quebrar. O barco começou a desmanchar", contou emocionada a faxineira Morenina Santana, 35 anos, uma das sobreviventes. 

Cinco lanchas, quatro navios da Marinha, com mergulhadores, e 130 militares participam do resgate. Três navios da Base Naval de Aratu e três lanchas da Capitania dos Portos foram deslocadas para o local do naufrágio para auxiliar nas buscas. "Nós recebemos um chamado de emergência via rádio por volta das 8h e, em seguida, mandamos três embarcações de resgate imediatamente. Três navios da base com médico a bordo e todo aparato para dar socorro está a caminho. Também acionamos outros órgãos como o Graer, Samu e Bombeiros", disse o capitão-tenente da Marinha, Fernando Jeann Tôrres Araújo.

Sobreviventes 

Os sobreviventes do naufrágio da lancha Cavalo Marinho I começaram a chegar em Salvador por volta das 9h30. Ao desembarcar no Terminal Marítimo, as vítimas foram colocadas dentro de ambulâncias do Samu. No local, tinha três ambulâncias do Samu e uma do Corpo de Bombeiros.

Um bebê de um ano que havia sido resgatado do naufrágio não resistiu e morreu por volta das 11h. Equipes do Samu tentaram reanimar a criança, que já chegou ao terminal sem sinais vitais. 

No Terminal Marítimo de Salvador a comoção era grande. Familiares e amigos chegaram ao local para acompanhar a chegada dos sobreviventes. Muitas pessoas choraram ao reencontrar seus parentes. 

Quem também estava na lancha no momento do acidente foi o produtor musical, Mateus Alves Ramos, 23 anos. Ele pegou a lancha de 6h30. Seu pai, Marival Ramos, pegou a de 6h. Assim que soube do acidente, Marival foi para o terminal náutico de Salvador para onde os sobreviventes estão sendo levados. "Meu colete eu dei a uma senhora, que desmaiou na água. Me segurei em uma bóia. Eu faço a travessia uma vez na semana.O barco surfou em cima de uma onda e não conseguiu tirar da outra onda", contou Mateus.

A administradora de condomínios Meire Reis, 53 anos, conta que conseguiu sobreviver pois tinha visto na quarta-feira (23), na televisão, uma reportagem sobre o naufrágio que aconteceu no Pará. "Eu vi a reportagem de Belém (Pará) e aí eu perguntei a ele (meu marido) se acontecesse isso aqui o que eu devo fazer. E ele fez e ensinou tudo como fazer para me salvar: respirar, me afastar porque o que mata é o povo que fica em cima. Tudo que ele me ensinou foi o que eu fiz. Hoje eu estou viva e salva graças a ele, ao que ele me ensinou", disse.

Segundo o coronel Telles, comandante geral do Corpo de Bombeiros, os mergulhadores vistoriaram a embarcação e não há mais nenhum corpo dentro ou ao redor da lancha. "Nós continuaremos durante todo o dia com todas as nossas equipes, inclusive as que estão se deslocando do interior do estado para, mobilizados, fazer o máximo que puder ser feito", explicou Telles.

Ainda de acordo com o comandante geral dos Bombeiros, a operação de resgate não foi finalizada. "O mar tem corrente e pode ocorrer de levar corpos. As equipes continuam mobilizadas e vamos continuar o trabalho", completou Telles.

Lancha estava regular

A lancha Cavalo Marinho I estava regular e com a vistoria em dia, de acordo com a Astramab. Ao CORREIO, o presidente da entidade, Jacinto Chagas, informou que a lancha não estava lotada. "A embarcação estava abaixo da capacidade, e comporta 162 pessoas. Estava totalmente em dia", disse Chagas.

Questionado sobre as causas do acidente, Jacinto informou que isso ainda não foi apurado. "Estamos em operação de resgate. Não sabemos as possíveis causas. É a Capitania dos Portos que vai apurar. No momento, não temos dados concretos. Estamos com médicos, psicólogos e uma equipe no terminal para dar apoio às famílias e amenizar um pouco", completou.

Moradores de Mar Grande relatam desespero

Moradores de Mar Grande, em Vera Cruz, ouvidos pelo CORREIO acompanharam o desespero das vítimas do naufrágio. "Quando cheguei na praia, avistei algumas pessoas voltando nadando com ajuda de coletes", relata o comerciante Renato Matos, 61 anos, morador da comunidade, na Ilha de Itaparica.

Ele disse que o retorno dos passageiros para costa só foi possível porque a 500 metros da ilha existe um recife de corais que, com a maré baixa, permite que se caminhe até próximo à areia. "Não sei dizer a quantidade exata de pessoas que conseguiu voltar. Uma multidão está no local em busca de informações", conta ele. 

A telefonista Maiara de Moares, 29, que trabalha em Mar Grande, recebeu o relato de uma amiga, por meio de uma mensagem de voz, afirmando que entre as vítimas estaria uma criança e uma mãe. A amiga da telefonista é moradora da Gamboa, localidade de Vera Cruz, local para onde, supostamente, a embarcação teria sido levada pela correnteza. "Ela viu quando a equipe da Marinha chegou até praia com o corpo de uma criança e da mãe, os dois sem vida", afirma. 

Fonte: Correio 24 horas






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