Quase quatro meses depois de sua chegada, a plataforma P-67 seguiu, no último domingo (4), para a Bacia de Santos. Técnicos dizem que o tempo entre a chegada de uma plataforma e início da instalação costuma ser, em média, de 20 dias. A Portos e Navios apurou que a plataforma chegou com problemas no flare e no sistema de ancoragem. Considerando 150 mil barris por dia que deixaram de ser produzidos no período, as perdas são estimadas em mais de 300 milhões de dólares.
Uma fonte que embarcou na P-67 relatou que, como o atraso da construção da plataforma estava em dois anos e havia urgência de trazê-la da China, a unidade veio para o Brasil com algumas pendências. Uma delas era aplicação de um spray protetivo, revestimento que era previsto no projeto inicial. “A obra chegou num estágio na China que não andava mais. Ficava patinando no mesmo lugar e o que estava bom estava começando a ficar ruim. Por isso, trouxeram a plataforma para o Brasil”, diz a fonte. Os últimos acertos contaram com presença de técnicos da chinesa China Offshore Oil Engineering Corporation (COOEC), que fez a construção da plataforma, e da empresa Ocean Technology Marine Engeering, responsável pela manutenção. Pelo contrato, a engenharia é responsável pelos dois primeiros anos de operação.
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O Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) voltou a pedir o debate e o incentivo à construção das futuras plataformas com índices mais altos de conteúdo local. A entidade tem defendido nos últimos anos, inclusive, a viabilidade de construção dos cascos das unidades em estaleiros nacionais. “Esse [P-67] foi mais um caso de atraso em obras feitas fora do Brasil”, comentou o vice-presidente do Sinaval, Sérgio Bacci.
O casco da P-67 foi feito no Brasil e a construção dos módulos e integração na China. A Petrobras decidiu levar a plataforma para China após atrasos das obras, que estavam sendo realizadas no Estaleiro Rio Grande, do grupo Engevix. Na época, a Integra, joint-venture entre OSX e Mendes Júnior, teve dificuldades de terminar a construção porque a OSX entrou em recuperação judicial e a empresa de engenharia sofreu investigações da Operação Lava-Jato. A unidade seguiu para ser concluída na China em outubro de 2015.
Procurada pela Portos e Navios, a Petrobras confirmou que a plataforma está em deslocamento para Bacia de Santos e disse que, em breve, ela entrará em operação. Segundo a estatal, o cronograma continua em dia e a previsão de início de operação, até o final de 2018, está mantida. A P-67, que chegou em julho ao Brasil, vai produzir no campo de Lula Norte. A expectativa é que a produção do campo de Lula atinja até um milhão de barris por dia em 2019.
A P-67 é uma unidade flutuante de produção, armazenamento e transporte (FPSO) e possui sistemas de tratamento de água produzida, sistema de injeção de água, além de sistemas de remoção e reinjeção de CO2. A unidade tem capacidades de produção de 150 mil barris de óleo por dia, de compressão e tratamento de seis milhões de m³ de gás por dia e de armazenamento de 1,6 milhões de barris. O sistema de produção de Lula Norte é operado pela Petrobras (65%), em parceria com a Shell (25%) e a Galp (10%).
Por Danilo Oliveira
(Da Redação)