Petrobras renegocia contrato com fornecedores para reduzir custos

Após cortar a produção e o salário dos empregados, a Petrobras renegocia contratos com os grandes fornecedores para reduzir ainda mais os custos. O objetivo é prorrogar prazos de entrega e pagamentos. O movimento preocupa especialistas e empresas. A cadeia total da estatal tem 12.700 fornecedores e 500 mil trabalhadores.

Nos últimos dias, a Petrobras enviou a seus principais fornecedores carta informando que iria convocá-los para discutir as condições dos contratos vigentes em função da pandemia, que derrubou a demanda e as cotações do petróleo, contou o executivo de uma empresa fornecedora.

Agrava o problema o fato de os fornecedores já terem encomendado insumos e serviços para atender aos contratos com a Petrobras, lembrou um executivo. Além disso, isso acontece enquanto as empresas aumentam custos para lidar com os efeitos do coronavírus.

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Muitas delas, por exemplo, estão tendo gastos extras com frete terrestre, diante do cancelamento de voos.

Segundo Gilson Freitas Coelho, secretário executivo da Abespetro, que reúne as 50 maiores prestadoras de serviços do setor, a iniciativa da estatal abalará companhias cujas margens ainda não estavam plenamente recuperadas da crise da Lava-Jato.

- Potenciais reduções de atividade podem ter grande impacto no número de empregos diretos e indiretos da cadeia - alertou.

Impacto no pré-sal
Outro executivo do setor ponderou que, até o momento, os principais projetos no pré-sal estão preservados, entre eles os campos de Mero, Itapu e Búzios. Isso porque esses projetos “passam na linha de corte de viabilidade por suportarem preços baixos (do petróleo).”

Mas outro executivo dessa cadeia informou que esse não é o caso de todos os projetos do pré-sal. Áreas que vão demandar investimentos maiores - como Peroba e Alto de Cabo Frio Central e Oeste - vão “para o fim da fila”.

A Petrobras confirma que está em negociações com seus maiores fornecedores, justificando que isso é necessário por causa da redução abrupta dos preços e do consumo. A empresa disse estar adotando uma série de redução de gastos para reforçar “a solidez financeira e a resiliência dos negócios.”

“Dada a complexidade e diversidade dos contratos de bens e serviços, cada caso está sendo tratado individualmente, privilegiando sempre a busca de uma solução negociada”, esclareceu a estatal em nota.

O segmento de gás e refino, que integra o plano do governo de atrair investimentos privados, também será afetado. Na última semana, a Petrobras alegou motivo de força maior para comprar menos gás do campo de Manati, formado por Enauta, Brasoil e Geopark, além da própria Petrobras.

- Com menor atividade econômica, o setor industrial consome menos gás, gerando um efeito em cadeia. É um momento para todos buscarem flexibilização e chegarem a um acordo psara perdermos menos - disse Rivaldo Moreira, da consultoria Gas Energy.

Para João Almeida, sócio do Demarest Advogados, esse é o melhor caminho para se evitar a judicialização. Ele lembra que o Código Civil permite a revisão de contratos em casos como o atual:

- A pandemia é um caso típico de força maior, mas, por si só, não exime as empresas das responsabilidades contratuais. É preciso ver se isso está prejudicando o cumprimento do contrato. Mas, hoje, a palavra de ordem é flexibilizar e chegar a um acordo que seja menos pior para os dois lados.

Fonte: O Globo



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