Além de recursos, infraestrutura demanda qualidade

De São Paulo - O volume de investimentos em infraestrutura deve aumentar significativamente nos próximos anos, mas será indispensável modernizar o planejamento, o modo de elaborar os projetos e as formas de executá-los se o país quiser evitar gargalos e permitir um salto quantitativo e qualitativo do segmento no país. A avaliação é do professor Helder Queiroz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Fazer mais do mesmo é importante, mas é insuficiente", afirmou ele, que participou do seminário "Perspectivas do Investimento no Brasil", organizado pelo Valor e apoiado pelo BNDES e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para o período de 2009 a 2012, os "projetos firmes" de investimento em energia e infraestrutura totalizam R$ 518,5 bilhões, 58,8% a mais do que o registrado entre 2005 e 2008, segundo mapeamento do BNDES de junho. "Isso produzirá um importante impacto macroeconômico", diz Queiroz, ressaltando, porém, que será necessário uma mudança mais profunda para que o país escape de gargalos, enfatizando que o país precisa "de uma visão de planejamento mais integrada e sistêmica da infraestrutura".

Queiroz vê uma situação preocupante no segmento de transportes. O tamanho do território do país e a dificuldade para concluir os investimentos sem a redefinição do planejamento, da regulação setorial e de mecanismos de coordenação são algumas das dificuldades enfrentadas no setor. O risco, segundo ele, é de que o segmento de transportes se torne um ponto de estrangulamento à expansão da economia na próxima década. Há déficits estruturais e sociais a serem compensados, além dos investimentos para a área de transportes. Segundo Queiroz, a situação é "melhor" no setor de energia, mas ainda existem entraves para acelerar a oferta, especialmente de fontes limpas. De acordo com o economista, "um projeto de construção de usina térmica, altamente poluidora, ganha licença ambiental em seis meses", enquanto uma usina hidrelétrica, diz ele, "chega a demorar dois anos". "Isso precisa ser equacionado."

O presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e das Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, deu a dimensão dos desafios no setor de saneamento, ao lembrar que o país hoje investe cerca de R$ 6 bilhões por ano, quando seriam necessários R$ 13 bilhões para a universalização dos serviços em 20 anos, uma meta pouco ambiciosa. Para o líder empresarial, é preciso mesclar investimentos públicos e privados, contando com coordenação do governo. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), avalia, é um passo importante para mudança de expectativas, ainda que o ritmo de andamento dos projetos seja desigual. Para Fernando Sarti, economista da Unicamp, os dólares oriundos da exploração e exportação do petróleo do pré-sal devem ser alocados num fundo, que depois direcionaria os recursos para projetos industriais.

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"Há necessidade de financiamento interno e, ao mesmo tempo, de maior coordenação do setor público para diminuir desigualdades regionais", afirma Sarti, para quem o fundo poderia funcionar como "incentivador de exportações regionais", quer dizer, no intercâmbio comercial entre Estados e regiões.(Fonte: Valor Econômico/JV e SL)



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