LONDRES - A fila de navios petroleiros esperando no Porto de Rotterdam, o maior da Europa, cresceu ao maior nível em sete anos, diante da superoferta global que já atende a capacidade de armazenamento. Até 50 embarcações petroleiras, duas vezes o número normal, aguardam no terminal de Rotterdam, pois os armazéns estão particamente cheios, afirmou o porta-voz Tie Schellekens em entrevista à Bloomberg nesta terça-feira.
— Isso é um claro sinal de excesso de oferta enchendo os tanques até a borda — afirmou Gerrit Zambo, negociante de petróleo do Bayerische Landesbank, em Munique, à agência. — As pessoas preferem armazenar petróleo do que cortar a produção. São sinais de baixas.
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A oferta global da commodity é tamanha que o CEO da BP, Bob Dudley, afirmou no mês passado que as pessoas encherão “suas piscinas” com petróleo este ano. Os comerciantes se aproveitam a situação de mercado em contango, ou seja, quando os preços futuros são superiores aos atuais, para comprar óleo barato, estocá-lo e vendê-lo mais à frente. À medida que os armazéns são preenchidos, as companhias podem começar a estocar no mar, uma estratégia tomada pela última vez em 2008 e 2009.
O armazenamento de petróleo em tanques em Rotterdam ficou em 51,3 milhões de barris em 19 de fevereiro, o maior para o período desde o início dos registros da Genscape, que monitora estocagem desde 2013. A Royal Vopak NV, a maior companhia de estoques de petróleo do mundo, relatou na semana passada uma taxa de ocupação de 96% nos 11 portos da Holanda, ante 85% no ano anterior.
Segundo a Bloomberg, a situação de Rotterdam repete o que acontece no maior hub de estoques dos Estados Unidos, em Cushing, no estado de Oklahoma, onde as reservas atingem níveis recorde.
— Em Cushing e provavelmente em Rotterdam, os tanques estão enchendo rapidamente — afirma Giovanni Staunovo, analista do UBS Group em Zurique. — Na China, dada às altas importações de petróleo, há muitos navios e a infraestrutura parece não ser capaz de suportar.
A Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, afirmou no mês passado que não vai cortar a produção para amenizar a oferta, enquanto o Irã, em processo de reentrada no mercado petroleiro após a suspensão das sanções internacionais, se comprometeu a aumentar a produção.
Apesar da situação, as cotações de petróleo avançaram nesta terça-feira após anúncio de estímulo monetário na China, o que pode reanimar o crescimento econômico do segundo maior consumidor da commodity. Os contratos futuros do petróleo tipo Brent (referência internacional) subiram 0,66%, ou US$ 0,24, para US$ 37,13 por barril. Já o preço do petróleo WTI (mais comercializado no mercado americano) ganhou teve ganho de 1,93%, ou US$ 0,65, a US$ 34,40.
Fonte: Agências internacionais