ESG avança no setor portuário

Cada vez mais as empresas precisam alinhar seus projetos às questões ambientais e sociais

Environmental, Social and Corporate Governance, traduzido do inglês: Governança Ambiental, Social e Corporativa é uma avaliação da consciência coletiva de uma empresa em relação aos fatores sociais e ambientais. Ativos alinhados com os conceitos ESG são priorizados nos investimentos. Até 2025, os projetos que priorizam esses conceitos deverão atingir um terço do mercado internacional. É uma curva ascendente, bastante acentuada, Essa tendência vem se consolidando e o tema tem completa sinergia com o setor portuário.

Para Eduardo Nery, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), adotar o ESG não é só uma questão ideológica, mas uma questão de sobrevivência para as empresas. Para ele, o mundo corporativo e os fundos de investimentos deixaram uma mensagem clara de que não querem associar seus recursos a empresas que não tenham comprometimento com regras de inclusão social, causas ambientais e de compliance. “O setor portuário está muito inserido neste contexto, seja pela grande interação que tem com o meio ambiente, seja pelo grande número de trabalhadores, ou seja pela necessidade de dar um bom exemplo e mostrar que essa mudança no perfil do setor é real e também se reflete em regras de integridade de compliance, de compromisso com boas práticas comportamentais”, ressalta Nery.

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De acordo com o diretor, a Antaq tem se imbuído para encorajar a adoção dessas práticas de ESG, mesmo antes de elas se tornarem uma exigência. A agência criou o Índice de Desempenho Ambiental Portuário (IDA), um importante indicador que a Antaq utiliza para encorajar e incentivar o setor desde 2014. “Às empresas que apresentam índices elevados de sustentabilidade a Antaq concede o selo IDA. Temos participado de uma série de fiscalizações junto com outros órgãos, como a PF, Ibama e Receita Federal voltadas à coibição do uso de água de lastro dos navios, que poluem nossos mares e rios. Outra ação desenvolvida é o Rio limpo, Amazônia limpa, campanha desenvolvida pela área de meio ambiente da agência destinada à promoção de ações de educação ambiental”.

A Antaq tem desenvolvido um estudo voltado a identificar os impactos causados pelas mudanças climáticas nos portos brasileiros. Um trabalho realizado em duas etapas: a primeira para identificar os principais riscos e impactos associados às mudanças climáticas. “Fizemos um ranking com os principais portos organizados, para identificar os principais riscos e os que estavam mais sujeitos, mais expostos a essas mudanças. Na segunda etapa, selecionamos três portos com critérios de risco e relevância para que pudesse ser feito um estudo aprofundado e identificar todas as necessidades de prevenção e mitigação desses riscos: Rio Grande, Aratu e Santos são os portos selecionados”, conta Nery.

Nery afirma ainda que, em relação aos aspectos sociais, a Antaq tem um importante compromisso quando verifica as condições de segurança de trabalho nas instalações portuárias. “A gente percebe muito claramente esse compromisso em grande parte das empresas de prover a seus trabalhadores melhores condições de trabalho. A Antaq vai se empenhar cada vez mais para que as iniciativas, os princípios de ESG estejam mais presentes e observados e incentivando o setor a adotá-los, isso é importante para o desenvolvimento. Não acredito que um setor amplie os seus níveis de desenvolvimento sem estar muito imbuído de observar essas práticas”, conclui.

José Firmo, CEO do Porto do Açu, conta que o porto, localizado em São João da Barra, norte fluminense, foi criado com o DNA de sustentabilidade, já que nasceu com uma reserva ambiental, uma reserva de restinga e busca uma plataforma de compensação ambiental dentro do desenvolvimento industrial. “A maioria dos portos hoje está tendo que fazer uma reengenharia dos seus processos, reengenharia da sua ocupação industrial para se ajustar a essas políticas. Nós temos a grande vantagem de poder construir o porto com esse compromisso com a sociedade na área ESG. Nossas políticas já vêm de algum tempo desde o início do porto, mas algumas já estão sendo reconhecidas. Nos últimos 18 meses, recebemos pelo menos três grandes prêmios internacionais na área”, relata o executivo.

Para o CEO do Porto do Açu, é imprescindível que os funcionários tenham a mesma visão e apoiem a empresa nas ações ESG. Ele conta que, no início da pandemia, foi criado um comitê de ações humanitárias na região que auxiliou a comunidade de produtores locais que deixaram de vender seus produtos para a merenda escolar, já que as escolas fecharam. O comitê decidiu juntar os clientes do porto para comprar esses alimentos e doar para ONGs que faziam atendimento a pessoas mais afetadas pela pandemia. “Ideias simples, mas que só são possíveis com o engajamento do seu time. O nosso processo de governança começa com o compromisso com a sociedade, mas vai além. Nós temos no Açu uma oportunidade única, após R$ 18 bilhões investidos na infraestrutura, nós estamos maduros o suficiente para começar a sonhar em desenhar grandes soluções industriais, ‘lincadas’ ao baixo carbono e a tudo aquilo que a indústria vai precisar fazer no futuro. Nós temos muito trabalho a fazer e estamos muito satisfeitos com o que conseguimos até agora, mas a verdade é que o trabalho apenas começou”, finaliza.



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