O investimento em infraestrutura nos anos 2000 é baixo e foi ainda inferior ao obtido na década de 90, período em que o Brasil conviveu com hiperinflação, crises externas e fuga de capitais.
Estilo Dilma trava boa parte do pacote de concessões em infraestrutura
A média de investimento entre 2001 e 2012 representou 2,19% do PIB (Produto Interno Bruto). Entre 1990 e 2000, a despeito de um custo maior de financiamento, o resultado foi pouco melhor: 2,29%.
A comparação é de Armando Castelar e Júlia Fontes, da Fundação Getulio Vargas, com dados computados em parceria com Cláudio Frischtak e Katharina Davies, da consultoria InterB.
O percentual inclui investimentos do setor privado, como telecomunicações, que também pisou no freio mais recente. Estão contabilizados recursos de transportes, energia elétrica e água e esgoto.
Os economistas notam que o esforço dos governos Lula e Dilma concentrou-se nos transportes, única das áreas analisadas em que os aportes aumentaram ante os anos 90.
Nos dois primeiros anos sob Dilma, a área respondeu por 40% dos investimentos em infraestrutura.
A contribuição veio sobretudo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Lançado em 2007, o programa fez o investimento em obras aumentar de 1,8% para 2,5% do PIB em seu primeiro ano de vigência, mas perdeu fôlego e voltou, no ano passado, a 2,31% do PIB ou R$ 101,7 bilhões.
Os dados divergem dos divulgados pelo governo, que soma os subsídios do programa Minha Casa, Minha Vida. Para os economistas, essas despesas são transferências.
Castelar e Fontes afirmam que a aposta no investimento público não deu certo, com a incapacidade do governo em executar obras. E os aportes privados foram afetados tanto pela militância do governo em setores cuja a participação estatal ainda é relevante, como energia elétrica, saneamento e transportes, quanto pelo desmonte do aparato regulatório.
A pior notícia, contudo, é que o país investe há duas décadas cerca de 2% do PIB em infraestrutura, o que é insuficiente para manter as instalações existentes. Estimativas da InterB sugerem que só para repô-las seriam necessários aportes de 3% do PIB.
Fonte: Folha de São Paulo/MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO
PUBLICIDADE