Em abril de 2011, o procurador Roberto Gurgel, então no comando do Ministério Público, pediu o arquivamento de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) em que o presidente Michel Temer aparecia na condição de investigado. Gurgel avaliara que faltavam provas para levar adiante a apuração e defendeu a remessa do caso para a Justiça Federal de primeira instância para que a investigação prosseguisse em relação a Marcelo de Azeredo, um apadrinhado de Temer que comandou a Companhia de Docas do Estado de São Paulo (Codesp), estatal encarregada de administrar o maior terminal portuário do país, o Porto de Santos. A suspeita que havia contra os dois era do recebimento de propina patrocinada por empresas que atuavam no terminal. O ministro Marco Aurélio, relator do inquérito, concordou com o entendimento da procuradoria e arquivou o inquérito contra Temer.
Rodrigo Janot, sucessor de Gurgel, quer reavaliar o arquivamento defendido pelo colega há seis anos. Na documentação enviada nesta segunda-feira (26) ao Supremo, Janot informou que pedirá vista do inquérito arquivado para analisar as informações nele contidas à luz das novidades trazidas pela delação premiada dos donos e executivos do grupo J&F, holding que tem interesses no setor portuário. Um dos aliados mais próximos de Temer, o ex-assessor especial da Presidência Rodrigo Rocha Loures, denunciado ao Supremo por corrupção passiva junto com Temer, exercia influência política no setor de transportes aquaviários e apareceu nos autos do inquérito mantendo contatos com empresários do ramo.
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Fonte: Época