MMX assume porto do Sudeste com a PortX

Na bucólica Ilha da Madeira, pequena comunidade de pescadores de Itaguaí, na região metropolitana do Rio de Janeiro, começa a ganhar forma o Superporto do Sudeste, terminal privativo para embarque de minério de ferro controlado pela MMX, mineradora do empresário Eike Batista. Na sexta-feira, a MMX passou a ser oficialmente a dona deste terminal portuário ao adquirir, em leilão, na BM&F Bovespa, 92,28% da PortX, empresa do grupo de Batista que até então detinha esse ativo, considerado estratégico para garantir uma operação integrada, da mina ao porto.

A operação se deu nos termos de uma oferta pública voluntária para aquisição de ações ordinárias da PortX. Na oferta, os acionistas podiam permutar as ações da empresa por uma fracção (0,05) da ação da MMX e receber um título baseado em royalty de US$ 5 por tonelada de minério a ser embarcado pelo porto. Outra opção para o acionista da PortX era receber o título e um pagamento em dinheiro equivalente a R$ 0,70 por ação.

Dos 92,3% da PortX detidos pelos acionistas que aderiram à oferta, 27,4% foram trocados por dinheiro mais o título. Os demais 72,6% foram permutados pela ação da MMX mais o título. Dessa forma, a MMX vai emitir 33.265.661 novas ações a R$ 13.963 cada, o que representará um aumento de capital de R$ 464,5 milhões.

Essa emissão deve alterar a estrutura societária da MMX. Batista e seus diretores, que hoje detêm 38,8% da MMX, devem aumentar sua fatia para cerca de 44%, enquanto os sócios coreanos da SK Networks e os chineses da Wisco, que não eram acionistas da PortX, tendem a ser diluídos.

Ainda será preciso fazer uma análise mais detalhada sobre o que vai acontecer com os minoritários, que têm 29% da MMX. Vale lembrar que Batista e seus diretores detinham cerca de 68% da PortX e eles já haviam anunciado que participariam da oferta optando pela permuta dos seus papéis por títulos e ações da MMX.

A maioria dos minoritários da PortX, que detinha 32% da empresa, escolheu receber dinheiro na permuta. Um analista que acompanha a empresa disse que dada a relação de troca o "racional" era mesmo essa opção.

Nos próximos dias, a MMX vai divulgar fato relevante detalhando os próximos passos da oferta. Os títulos lastreados em royalties bem como as novas ações ordinárias da MMX vão começar a ser negociados em bolsa a partir de amanhã. O analista disse que o valor dos títulos será determinado pelo mercado.

Na oferta, a PortX foi avaliada em US$ 2,3 bilhões, dos quais 20% ou US$ 441 milhões seriam pagos em dinheiro ou ações da MMX. Os restantes 80%, algo como US$ 1,8 bilhão, correspondem, nas contas da MMX, aos títulos baseados no royalty do minério embarcado levando-se em conta um volume de 50 milhões de toneladas anuais.

Roger Downey, presidente da MMX, considerou a operação bem-sucedida. "É um passo importante do ponto de vista estratégico e econômico para a companhia." Com o porto do Sudeste sob seu controle, a MMX poderá alavancar um crescimento maior por meio de associações como a que foi assinada com a Usiminas. Pelo acordo, a MMX vai operar por 30 anos a mina de Pau de Vinho, em Minas Gerais, vizinha às jazidas da empresa na região, e, em contrapartida, embarcará minério de ferro da Usiminas pelo porto Sudeste.

O Valor visitou as obras do Sudeste na sexta-feira. Luciano Ferreira, diretor do porto, disse que a expectativa é de que o terminal portuário comece suas operações no terceiro trimestre de 2012. O porto terá capacidade inicial de embarcar 50 milhões de toneladas por ano, mas está projetado para chegar a 100 milhões de toneladas em uma segunda etapa. "Estamos trabalhando no licenciamento [da expansão]", disse Ferreira. A principal obra do porto é a escavação de um túnel de 1,8 quilômetro de extensão (dos quais mil metros já estão prontos) sob um morro onde existe uma pedreira. É por esse túnel, semelhante ao de Santa Bárbara, que liga a zona norte e a zona sul do Rio, que o minério de ferro será embarcado nos navios por meio de correias transportadoras que partirão de grandes pátios para depósito do produto em construção na Ilha da Madeira.

Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes | De Itaguai (RJ)


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