Movimentação intensa

 

 

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Linhas de crédito, expansão portuária e demanda na região Norte levam otimismo a fornecedores

 

Os fornecedores de equipamentos de movimentação de contêineres e carga geral têm expectativa positiva com o segmento, reflexo em parte pelas ações do governo para desenvolvimento do setor portuário, incluindo investimentos em hidrovias. O mercado aposta particularmente que o transporte fluvial crescerá nos próximos anos.

 

A Liebherr antevê, com o anúncio de novos portos no país, a possibilidade de fazer valer de sua experiência para oferecer soluções para movimentação de carga. “Acreditamos que o anúncio desses novos portos facilitará a criação de terminais fluviais, que representariam uma solução para o escoamento de cargas no país”, observa o gerente de vendas da Liebherr Brasil, Fernando Mello. Para terminais fluviais, a empresa possui uma linha de guindastes fixos, já utilizada em outros países onde a navegação interior é desenvolvida.

Os negócios hoje já estão aquecidos para o fabricante. O grupo Chibatão iniciou em 2013 a operação de seis guindastes de pórtico sobre pneus (RTGs), fabricados pela Liebherr. Cada guindaste substituirá a operação de três empilhadeiras, além de possibilitar o aumento de cinco para seis no número de contêineres empilhados em cada coluna. A compra dos equipamentos está prevista no pacote de R$ 80 milhões destinado à modernização da infraestrutura do grupo. Dentre as aquisições de equipamentos estão 26 novos tratores portuários, além de novas empilhadeiras, guindastes, caminhões e outros veículos utilizados nas operações. De acordo com a empresa, cada equipamento reduzirá em 40% o tempo de movimentação dos contêineres e cargas importadas e exportadas pelas indústrias do Polo industrial de Manaus (PIM).

A expectativa dos fornecedores é que os portos fluviais, sobretudo na região Norte, recebam grandes investimentos nos próximos anos. “Estamos observando muitos movimentos para equipar portos fluviais, principalmente no Norte do país”, aponta o diretor comercial e operacional da Rimac, Marcelo Vieira. Ele conta que a empresa vem recebendo muitas solicitações de cotação. “Teremos boas surpresas no mercado durante 2013. Bom para nós fornecedores de equipamentos e para logística como um todo e usuários finais. É uma boa sinalização de que o Brasil está tentando corrigir determinados pontos e utilizar a estrutura hidroviária que hoje não é utilizada e está carente de infraestrutura”, analisa Vieira.

O diretor da Terminal Full Dealer (TFD) do Brasil, João Cagnoni, destaca como promissora a abertura de novos terminais privativos nos próximos anos. O executivo avalia que está nascendo um grande mercado de transbordo de carga em barcaças e flutuantes, em especial no norte do Brasil. Entretanto, ele diz que é preciso mais clareza nas novas regras, além de uma legislação definitiva para que os investimentos não sejam congelados. A distribuidora TFD iniciou suas atividades em 2013, com a linha de equipamentos portuários do grupo Terex. A empresa já conta com quase 60 guindastes móveis sobre pneus (MHC) no Brasil e em abril entregará mais três portêineres e cinco RTGs para a Portonave, em Navegantes (SC). “Temos confiança no desenvolvimento de mercado crescente nos próximos anos, a taxa mínima de 10% ao ano. Contamos com um crescimento do mercado de serviços e peças com o incremento do parque de máquinas”, conta Cagnoni.

 

Nesse início de 2013, o cenário aponta para uma tímida retomada do crescimento. A produção industrial registrou alta de 2,5% em janeiro de 2013, na comparação com dezembro de 2012. O índice foi o maior crescimento registrado desde março de 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os economistas acreditam que esse pode ser encarado como o primeiro sinal de recuperação da economia após o período de retração. Um dos destaques desse balanço foi o segmento de bens de capital, que inclui máquinas e equipamentos destinados à produção, crescendo 8,2% na mesma base de comparação. O setor é considerado um termômetro da expansão industrial. O IBGE registrou aumento da produção em 18 das 27 categorias avaliadas.

A Sany do Brasil avalia que a abertura de novas licitações de terminais para a iniciativa privada marca um novo momento do setor. Entretanto, o gerente de vendas sênior para equipamentos portuários da empresa, Elton Lima, ressalta que ainda é preciso aprimorar ‘drasticamente’ a infraestrutura de acesso aos portos. “Duplicar rodovias, investir em ferrovias e hidrovias e interligar todos esses modais de forma eficiente é um projeto de longo prazo, mas não impossível. O Reporto foi importante para o setor no quesito equipamentos e a atual regulação fiscal rompeu barreiras antes inatingíveis. Mas nosso real desafio será aprimorar nossa mobilidade retroportuária”, resume Lima.

Ele diz que as melhores oportunidades estão com as vendas de guindastes rodoviários, não apenas para o setor de locação, mas também para estaleiros, construtoras e indústrias. Lima conta que a Sany está acompanhando o crescimento do mercado de empilhadeiras para contêineres vazios com oito toneladas de capacidade. A empresa também considera aquecido o mercado de guindastes treliçados sobre esteiras.

A empresa inaugurou recentemente uma filial em Recife (PE) com foco no atendimento dos seus clientes da região Norte e Nordeste. O objetivo é ter mais um ponto de apoio no Nordeste, estar mais próximo dos clientes e fidelizar a marca na região, explica Rene Porto, diretor geral da Sany. A filial nordestina conta com estoque de peças para o pronto atendimento de manutenção preventiva e reparos, além de uma equipe de vendas e pós-vendas para atender às demandas da região.

A alemã Liebherr já comercializou mais de 50 máquinas entre portêineres, MHCs, guindastes fixos e RTGs no Brasil. Em 2012, foram vendidos 13 guindastes para empresas brasileiras que já eram clientes da Liebherr. Mello diz que a empresa aposta no ciclo de confiança já estabelecido com os clientes e com serviços de pós-vendas em suas linhas de produtos. “No caso de guindastes portuários essa necessidade é reforçada, uma vez que a disponibilidade desse tipo de equipamento é fundamental para o bom andamento dos portos”, acrescenta Mello.

O gerente de vendas da Liebherr no Brasil revela que os guindastes móveis sobre pneus (MHCs) continuam sendo os equipamentos de movimentação mais vendidos pela empresa no país. Mello acredita que essa tendência deverá permanecer por alguns anos porque esses equipamentos apresentam a versatilidade que o mercado atual demanda. Ele explica que um mesmo guindaste portuário móvel pode operar contêineres, granel e carga geral. “Graças a sua mobilidade, ele não necessita de instalações específicas para seu uso. Basta ter um cais ou píer com a resistência necessária e um relativo espaço para operação e o guindaste móvel portuário estará pronto para operar”, explica.

Mello afirma que ainda existem dificuldades para obtenção de financiamento para importação de portêineres para o Brasil. O principal motivo seria o fato de esses equipamentos serem construídos de acordo com as especificações do cliente, praticamente sob medida. No caso de guindastes portuários móveis, existem linhas de financiamento previamente disponíveis.

Ele destaca que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) abriu uma linha de crédito especifica para equipamentos que podem ajudar clientes interessados em adquirir essas máquinas. O Programa Especial de Financiamento (Finame) tem como objetivo apoiar a produção e a comercialização de equipamentos nacionais.

João Cagnoni, da TFD, avalia que, apesar de bastante extensas, as linhas de crédito no Brasil possuem custo de médio a alto. A TFD oferece financiamento a seus clientes por meio de linhas de crédito internacional obtidas diretamente pelas fábricas da empresa no mundo ou com o auxílio da estrutura da Terex Finance, localizada em São Paulo.

 

A melhoria das linhas de crédito vem permitindo maior competitividade com os fabricantes chineses. Para Mello, da Liebherr, os produtos chineses não levam mais a vantagem competitiva que tinham há alguns anos. Ele cita que a linha de MHCs não vem sofrendo concorrência com máquinas chinesas. Segundo o gerente de vendas da empresa, os clientes estão mais preocupados com a disponibilidade e produtividade dos equipamentos. Por conta disso, eles estariam dando preferência a empresas já consolidadas no mercado brasileiro.

A linha de equipamentos portuários da Terex, representada pela TFD, inclui empilhadeiras e reachstackers fabricados na Itália e China, além de pórticos para descarga de contêineres, pórticos de pátio sobre pneus e sobre trilhos para a movimentação de contêineres, fabricados na China e guindastes móveis sobre pneus Terex/Gottwald fabricados na Alemanha.

Cagnoni diz que a fábrica de pórticos da Terex na China utiliza tecnologia alemã e componentes do mundo todo. “O ganho em custo de produção se limita ao uso de mão de obra mais barata, porém mantendo o alto nível de qualidade. Mesma qualidade encontrada nos produtos que a TFD vende e são fabricados na Itália e Alemanha”, compara Cagnoni.

Ele diz que as empilhadeiras de vazio do tipo asa delta têm recebido muita procura. Na linha de equipamentos de maior porte, os guindastes móveis sobre pneus são os líderes em consultas, seguidos pelos RTGs. Cagnoni observa a tendência de alguns terminais de contêineres migrarem das reachstackers para RTGs. O diretor da empresa conta que, além das cinco máquinas já embarcadas para a Portonave, a TFD está confiante em entregar, pelo menos, mais seis RTGs para 2013. “Com o crescimento do volume de cargas e, dependendo do layout do terminal, os RTGs têm sido a alternativa preferida para aproveitar melhor os espaços e aumentar a produtividade”, explica Cagnoni.

Apesar da tendência relatada, a Sany prevê aumento de 35% nas vendas de reachstackers em 2013. O principal modelo da empresa possui capacidade de 45 toneladas para cinco contêineres de alta. Terminais de contêineres, terminais intermodais, transportadoras, portos secos e indústrias são os principais clientes da Sany.

Vieira, da Rimac, diz que alguns potenciais clientes estão retendo os investimentos, aguardando qual será a posição do governo em relação às concessões e arrendamentos que estão com contratos vencidos ou perto de terminar. “O cenário, ao que tudo indica, é bem favorável. Mas tudo depende da vontade política do governo, empresários e dos sindicatos para chegar a um acordo e vermos como esse novo regulamento vai funcionar de fato”, resume Vieira.

A Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP) calcula, entre seus associados, R$ 10,5 bilhões de investimentos reprimidos por conta dessa indefinição. Apesar dessa insegurança, a Rimac entregou mais de 50 equipamentos em 2012, entre eles spreaders da marca Bromma. Vieira comemora que a empresa está conseguindo reconquistar clientes que eram usuários de spreaders chineses. Ele atribui a mudança ao pós-vendas e ao estoque de peças que a empresa possui.

A Rimac, baseada em São Paulo, abriu uma filial de serviços no porto de Santos. A empresa também possui um posto de serviços em Itajaí (SC), para atender aos clientes portuários do Sul, e um posto de serviço em Suape (PE), que atende ao Nordeste e ao Norte. “Em 2012, investimos para abranger mais do mercado e do atendimento pós-venda. Para não estar somente no Sudeste e poder atender in loco aos clientes de outras regiões”, destaca Vieira.

Para dar suporte a clientes em terminais marítimos e em rios, a TFD possui estoque de peças para sua carteira de equipamentos, além de parcerias com subfornecedores no Brasil e no exterior. De acordo com o diretor da empresa, a estratégia é um diferencial que concentra num único lugar aquilo que o cliente precisar. O grupo Terex, que recentemente adquiriu a Gottwald, é um dos principais fornecedores de equipamentos portuários no Brasil, com quase 60 guindastes móveis no Brasil, 30 RTGs, oito portêineres e centenas de reachstackers.

Cristiano Tatsch Sarturi trabalhava na filial da australiana Steelbro na Nova Zelândia, quando a empresa resolveu abrir uma filial no Brasil. Desde 2009, ele atua no escritório da empresa em São Paulo, onde exerce o cargo de gerente de desenvolvimento de negócios para Américas e Caribe. “O Brasil é o principal motivo de termos vindo para a América Latina. Organizamos o mercado nos dois primeiros anos e começamos a vender entre o final de 2010 e o início de 2011”, conta Sarturi.

Ele comemora que as vendas da empresa no Brasil têm crescido além das expectativas. Um dos produtos mais demandados pela empresa é um carregador lateral, que consiste num equipamento para a colocação de contêineres de carga com precisão em qualquer lugar com acesso a caminhões. Sarturi destaca que o custo dos equipamentos vem tendo quedas significativas nos últimos anos e que as máquinas estão deixando de ser 100% importadas. A Steelbro desenvolveu um parceiro que fabrica o chassi e a carreta no Brasil.

Sarturi estima que alguns equipamentos custem metade do preço de cinco anos atrás, quando eram totalmente importados. Ele acrescenta que linhas de financiamento com taxas de juros mais baixas contribuem para a compra do chassi. O imposto de importação que era de 35% hoje está em 2%.

— O guindaste vem importado, mas tem redução de imposto porque não existe fabricante nacional. Conseguimos um preço muito bom (de venda) e o equipamento é muito versátil. A aceitação tem sido muito boa — ressalta Sarturi. O equipamento movimenta 45 toneladas de contêineres (de 20 e de 40 pés) e substitui as reachstackers, cujos custos de operação e manutenção são considerados mais altos.

A Rimac alcançou vendas significativas para novos terminais de contêineres e terminais em expansão. Em 2012, a empresa entregou 30 tratores de terminal, da marca Terberg, para a Santos Brasil, que substituiu parte de seus caminhões convencionais. A fornecedora também vendeu 10 equipamentos para a expansão da frota do terminal de contêineres de Paranaguá (TCP).

Um dos destaques da Rimac em 2013 é a entrega de 42 desses tratores para o terminal da Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), em Santos. O primeiro lote foi entregue em fevereiro e a previsão é que os demais sejam entregues até o fim do primeiro semestre.

Recentemente, a Rimac assinou contrato com a empresa brasileira Paletrans Carretas para fabricarem um modelo de carreta portuária para transporte de contêineres que é customizada de acordo com a necessidade do cliente. Vieira diz que não existia nenhum fabricante desse equipamento no Brasil. “Vendemos para três terminais e esperamos vender, no mínimo, 90 carretas durante 2013”, projeta.

A Sany aposta nas vendas e pós-vendas diretamente com a fábrica, localizada em São José dos Campos (SP). O spreader do principal modelo de reachstacker da Sany, o RSC45C2, é fabricado pela própria empresa. “Para 2013, contaremos com nossa matriz de São José dos Campos para atender ao Sudeste e a base Recife, no atendimento das regiões Norte e Nordeste. A base Curitiba atenderá à região Sul”, projeta Lima. Essa última está em implantação e as demais já operam.

Em março, a Brasil Terminal Portuário (BTP) recebeu o quinto e último lote de equipamentos comprados da chinesa ZPMC. No total, a BTP adquiriu oito portêineres e 26  transtêineres. A empresa investiu cerca de US$ 85,4 milhões na compra dos equipamentos. O navio Zen Hua 19 trouxe os dois últimos portêineres ao terminal, que está sendo instalado na região da Alemoa, no porto de Santos.

Também em março, foi desembarcado o primeiro lote de equipamentos para a operação do terminal da Embraport, na margem esquerda do porto santista, que deve entrar em operação no primeiro semestre de 2013. O navio chinês Zhen Hua 10 trouxe três portêineres e 11 transtêineres da fabricante ZPMC. Os portêineres têm mais de 124 metros de altura e aproximadamente 1,6 mil toneladas, e os transtêineres medem 25,20 metros de altura e 381 toneladas. O segundo lote de equipamentos composto por outros três portêineres e 11 transtêineres está previsto para chegar ao Brasil em abril.

 



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