Nova paralisação no Pecém; exportadores preocupados

Perda de carga pode ser total em alguns setores. CearáPortos já move processo na Justiça contra ações

Mais uma paralisação ocorreu no Porto do Pecém durante a manhã de ontem, quando cerca de 800 funcionários interromperam as atividades de carga e descarga. Com apenas três horas de duração, entre as 7 e 10 horas, a segunda manifestação só neste mês onerou em R$ 75 mil, de acordo com estimativa da administração da CearáPortos. Como reação, a empresa entrou com pedido de multa no valor de R$ 5 mil por cada hora parada, o que ainda está sob análise judicial. Porém, os reflexos dos protestos adquirem proporções ainda maiores sobre os exportadores cearenses por conta de estarem acontecendo com maior intensidade, tornando inevitável o impacto financeiro.

Prejuízo à fruticultura

No setor de frutas, a preocupação a respeito do assunto é constante e o prejuízo pode ser total, segundo o presidente da Câmara Setorial de Fruticultura, Edson Brok. Consultado sobre o impacto das paralisações para o setor, ele afirmou que isso aconteceria caso os contêineres não sejam embarcados dentro do prazo estipulado no contrato entre o exportador local e a empresa recebedora, no destino final.

Edson afirmou ainda que o tema é debatido com frequência entre os empresários cearenses do setor e "as preocupações sempre são externadas na CearáPortos". "Nunca chegamos a ter grandes prejuízos, mas o temor sempre existe neste sentido", argumentou. "Nós temos que encontrar um modelo de gestão que seja eficiente de forma conjunta, unindo todos os envolvidos no funcionamento do porto. Afinal, não podemos perder um serviço que lutamos tanto para conseguir", completou.

Frete 300% mais caro

Demonstrando a mesma preocupação, o gerente administrativo da Cascavel Couros, estimou um aumento de até 300% no custo de envio de uma carga através de avião que ele teria de arcar por conta de uma greve ou paralisação que impedisse o embarque no prazo acordado.

"É difícil estimar o prejuízo real por que vai depender de cada tipo de carga, mas, se está programado, seja qual for a carga, ela vai ter de ser enviada", argumentou lembrando que diante do temor, os empresários recorrem à Federação das Indústrias do Ceará, a qual, por sua vez, tende a "pressionar as autoridades responsáveis para que tomem providências".

Fiec e CIC

Consultado, o representante dos empresários da Fiec no Confederação Nacional da Indústria (CNI), Fernando Cirino Gurgel, afirmou não ter conhecimento de queixas a respeito de prejuízo causados pelas paralisações no Porto do Pecém. Mas também concorda que os acontecimentos podem "onerar bastante o exportadores".

Já a presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC), Roseane Medeiros, comparou a situação cearense com a de outros países e regiões e ressaltou a importância de que o processo de negociação entre os sindicalistas que estão à frente da paralisação e as autoridades responsáveis não afete o desempenho do Estado no fluxo de cargas.

"Não há dúvidas de que há temor quanto a isso. Toda paralisação é prejudicial, tanto para importação quanto para exportação", analisou.

Protesto

A manifestação ocorrida ontem que suspendeu as atividades do Porto teve como estopim a demissão de um funcionário da operadora Terminais Portuários do Ceará (Tecer) e foi organizada pelo Fórum Unificado dos Trabalhadores do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Futcipp). Os diretores ainda garantiram que entre as 20 e 21 horas desta quinta-feira para ontem, ocorreu um curto circuito no píer 1 do Porto, o que interrompeu as operações até meia noite. Em entrevista, o secretário executivo da administração da CearáPortos, Luciano Arruda, garantiu que "a informação não procede".

Ele ainda informou que a empresa já moveu recurso contra a decisão favorável concedida há duas semanas aos sindicalistas referente ao pedido de 30% sobre o risco de vida (periculosidade) protestado por eles.

TEMPO PERDIDO
Carga e descarga levam até meio dia

Processo prejudica tanto caminhoneiros como exportadores e é creditado às obras de ampliação do porto

Figurando entre as principais reclamações dos caminhoneiros e crucial para desempenho do Porto do Pecém a demora e a burocracia para descarregar e carregar os contêineres preocupam ambas as categorias. Segundo os motoristas barrados na rodovia de acesso ao Porto na manhã de ontem pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE), o tempo de todo o processo leva até meio dia para ser finalizado.

"Isso só acontece aqui. Você vai no Maranhão, em Suape, em Pernambuco, mal pega fila. E no Pecém são cinco. Que porto de primeiro mundo é esse que disseram que fizeram?", protestou um dos caminhoneiros.

Nenhum dos presentes quis se identificar temendo represálias por parte da segurança do Cipp. O órgão ainda é alvo de acusações de assédio moral e abuso de poder por parte da categoria.

Resposta

O secretário executivo da presidência da CearáPortos justificou as críticas com o argumento de que "as descargas são ritmadas e dependem do tipo de carga" e não dá para precisar o tempo de cada processo.

Arruda também afirmou que as obras de ampliação comprometem o trabalho normal dos funcionários, o que, consequentemente, abala a carga e a descarga dos navios.

"O que acontece ainda é que eles estão tentando queimar uma instância, quando querem negociar apenas com o governador", ressaltou.

Polícia

Sobre a presença da PRE barrando os caminhoneiros na rodovia de acesso ao Cipp (na altura da CE 085, a estruturante), ele garantiu que é uma decisão apenas preventiva, para que não haja "risco de confusão" nas instalações do porto.

Fonte: Diário do Nordeste (CE)/ARMANDO DE OLIVEIRA LIMA

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