Pesquisa de estudante de Engenharia analisa pavimento do Porto

Estudar alternativas mais eficientes para a pavimentação de regiões em que há conflitos rodoferroviários foi o objetivo do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de um engenheiro civil recém-formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), no ano passado. A pesquisa apontou que a utilização de placas de borracha em trechos da malha férrea do Porto de Santos, apesar mais cara, é mais vantajosa porque tem uma durabilidade maior.

Fábio de Freitas Ravenna foi orientado pela professora Márcia Aps, coordenadora do curso de Engenharia Civil da universidade. O então aluno da UniSantos decidiu, no ano passado, estudar o tema. Funcionário de uma concessionária ferroviária, o engenheiro vê, na prática, o desgaste do pavimento em locais onde há conflito rodoferroviário – pontualmente nas passagens de nível, onde a linha férrea cruza a malha rodoviária. 


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“A pavimentação se degrada muito rápido. Então a manutenção dura em torno de um ano, é um tempo muito rápido. O objetivo da pesquisa foi procurar alternativas para diminuir o tempo de manutenção, aumentando a vida útil desse tipo de pavimento”, destacou o hoje engenheiro.

E este não é o único problema, segundo Fábio. “A Guarda Portuária, do Porto de Santos, registrou no final de semana dos dias 20 e 21 de maio de 2017, 10 acidentes envolvendo motocicletas na Passagem de nível (PN) do Concais (empresa que administra o Terminal de Passageiros do Porto de Santos), devido à deterioração da pavimentação asfáltica, inclusive com vítimas feridas gravemente”, 

A partir deste problema, o autor da pesquisa decidiu avaliar os três tipos de pavimento mais utilizados e os reflexos, caso fossem utilizados no Porto de Santos. Para isso, ele entrou em contato com fabricantes e avaliou, no complexo marítimo, a durabilidade dessas estruturas.

Entre os materiais analisados estão o pavimento asfáltico, os pré-moldados de concreto e as placas de borracha. “Como eu trabalho no meio ferroviário e tenho experiência no setor de vias permanentes, consegui informações bem rapidamente. As empresas também forneceram dados em relação aos produtos”, explicou.

Na cotação de valores, Fábio constatou que o pavimento asfáltico custa, em média, 150 o metro quadrado. No entanto, apesar do baixo custo, a vida-útil do material é de um a dois anos, diante do grande tráfego na região portuária.

“O grande problema é que, devido à falta de espaço entre os trilhos, normalmente os projetos são executados com fixações rígidas para prender os contra trilhos e os guarda-trilhos. Porém com o tempo, essa fixações afrouxam, causando uma degradação mais rápida do pavimento asfáltico. Um pavimento em estado de conservação inadequado pode provocar redução de velocidade nos veículos e até paradas indevidas sobre a via férrea, podendo causar um abalroamento”, destacou o engenheiro em sua pesquisa.

Alternativas

Segundo Fábio, o pré-moldado de concreto custa de duas a três vezes mais do que o pavimento asfáltico. Este pavimento é mais eficaz mas, mesmo assim, como não tem flexibilidade, frequentemente aparecem fissuras nas bordas. 

De acordo com a pesquisa, esta segunda opção é um sistema composto por placas de concreto armado, pré-moldadas, que são instaladas entre os trilhos e nas laterais, podendo ser removidas individualmente para substituição ou manutenção. As placas internas são apoiadas sobre os dormentes e fixadas a eles por quatro parafusos. As placas externas são apoiadas de um lado sobre os dormentes e, do outro, sobre uma base de concreto nivelada.

Por fim, o engenheiro avaliou a eficácia da utilização de placas de borracha. Neste caso, o valor gira em torno de R$ 2,5 mil o metro quadrado.

“A vida útil indicada e comprovada pelo fabricante é de 15 anos. Assim, ao longo prazo, se torna viável a utilização das placas de borracha”, explicou o engenheiro. Ele ainda cita, como fatores que reforçam a escolha das placas de borracha, características e impactos “que não são mensuráveis, como o aumento da segurança, baixa necessidade de manutenção e melhoria da imagem da companhia ferroviária perante a comunidade. Portanto, as placas de borracha se mostram uma alternativa de uso ao pavimento asfáltico em passagens de níveis, pois é um piso de alto desempenho e seguro para todos os usuários”.

Engenheiro quer ampliar avaliação

O engenheiro Fábio de Freitas Ravenna pretende continuar a pesquisa iniciada em seu trabalho de conclusão de curso. A ideia é iniciar, neste ano, testes com vários tipos de pavimento. O plano conta com o apoio da professora Márcia Aps, que orientou o estudo acadêmico inicial. 

“A gente vai continuar e pode até desenvolver um trabalho de Mestrado para que ele execute. A gente quer desenvolver materiais que durem mais”, destacou Márcia Aps. “O estudo de viabilidade deu uma resposta muito boa. Então, a nossa ideia é, agora, ver isso na prática”. 

De acordo com Fábio, a ideia é construir, dentro de um armazém da concessionária ferroviária, três trechos experimentais de linhas férreas. E neles, comparar a durabilidade dos materiais selecionados. Seria uma área de testes, onde seria possível simular a utilização desses materiais. 

Para Márcia, o cenário ideal é avaliar, na segunda etapa dos trabalhos, quatro tipos de pavimento. “A gente poderia comparar o pavimento asfáltico, o pavimento de concreto, de cimento, o pavimento de peças pré-moldadas e de borracha”. 

“As empresas forneceram da dos em relação aos produtos. Agora, a gente queria muito fazer um protótipo para testar algum trecho. A nossa ideia é ainda tentar fazer durante este ano, comparando as possibilidades de utilização”, explicou o engenheiro civil. 

Para Fábio, o estudo de novas técnicas e materiais para utilização no pavimento do sistema viário do Porto de Santos deve ser considerado, uma vez que a atual utilização de concreto asfáltico nas vias férreas apresenta uma rápida deterioração. 

Segundo o engenheiro, a equipe da Universidade Tecnológica de Michigan, nos Estados Unidos, elaborou uma pesquisa para analisar o desempenho de cada tipo pavimentação de passagens de nível. O projeto foi elaborado em 2013. Mas a conclusão foi de que não existe uma resposta clara à pergunta de qual o melhor tipo de revestimento. Isto porque alguns fatores são levados em conta, entre eles a drenagem e o tipo de veículos que trafegam pelo local. 

“O estudo relatou os fatores que poderiam afetar o tempo de vida do material, notando que o mais importante seria a drenagem e, em seguida, as cargas de tráfego. Apesar de todos esses fatores que afetam o tempo de vida, o estudo realizado pela administração rodoviária federal de Michigan descobriu que a maioria dos problemas com a superfície se relacionam com a preparação do local e a instalação da pavimentação”, destacou Fábio Ravenna em seu trabalho de conclusão de curso.

Fonte: A Tribuna






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