Porto de Rio Grande aumenta profundidade para pode exportar mais

Mudança no canal de acesso vai beneficiar a safra de soja no Estado
A partir de segunda-feira, o porto de Rio Grande, no sul do Estado, passa a ter um calado maior, o que vai elevar a sua competitividade. Dos atuais 40 pés, a profundidade do canal de acesso sobe para 42 pés (de 12,4 metros para 13 metros), aumento capaz de injetar até US$ 16 milhões no bolso do produtor gaúcho. Para julho, está previsto o acréscimo de mais cinco pés.
A mudança gradual, definida em reunião ontem, entre a Superintendência do Porto de Rio Grande, a Capitania dos Portos e a Praticagem da Barra (empresa que controla a entrada e saída de embarcações do canal), atende ao pedido dos terminais de grãos do porto, beneficiados de forma imediata no escoamento da safra de soja, que tem seu pico entre os meses de abril e maio.
Com dois pés extras no calado, é possível embarcar 3 mil toneladas a mais do grão por navio. Das atuais 57 mil toneladas, cada navio Panamax passa a receber 60 mil. A equação derruba o custo do frete marítimo e melhora o prêmio, sistema de bônus por produtividade pago pelos importadores aos exportadores – que repassam o valor ao produtor. Positivos ou negativos, os prêmios aumentam ou diminuem, em centavos de dólar, o preço final desembolsado pela saca de soja.
– O prêmio leva em conta qualidade do produto, oferta e procura e logística do porto. Como Rio Grande já opera com escala positiva, a tendência é de que este bônus aumente. Com o frete 5% mais barato, o porto ganha maior liquidez na movimentação de grãos – explica Flávio França Júnior, analista de soja do Safras & Mercados.
Obra completa deverá ser finalizada em junho
Antes do aumento, Tergrasa e Termasa, terminais responsáveis por 80% dos grãos exportados no Estado, calculavam que os prêmios renderiam US$ 64 milhões em 2010. Com os dois pés, o ágio esperado é de mais US$ 16 milhões, fechando em US$ 80 milhões ao final da safra. A previsão é de US$ 0,20 a mais em cada saca da oleaginosa.
Sem a pressão dos terminais de grãos, o aumento do calado só seria oficializado em julho, após o término da dragagem de aprofundamento, que elevará a profundidade do canal interno de 12 metros para 16 metros e do externo de 14 metros para 18 metros. A obra, financiada por R$ 196 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), termina em 20 de junho. O canal ficará com 47 pés, mas em um período com pouca soja estocada.
– Esses dois pés são um dos fatos mais relevantes da economia gaúcha. Vieram em ano de safra recorde (cerca de 10 milhões de toneladas) e dentro da janela de exportação, quando temos estoque. Para a próxima safra, com 47 pés, as previsões serão melhores ainda – comemora Guillermo Dawson, diretor da Termasa e Tergrasa.
A mudança válida a partir de segunda-feira também tem caráter histórico. O último aprofundamento ocorreu na década de 1970, quando o calado passou de 36 pés para 40 pés (10 metros para 12,4 metros). Com 42 pés, o Porto de Rio Grande supera Santos, Paranaguá e Bahía Blanca (Argentina), todos com 40.
– Do porto de São Sebastião (SP) para baixo, ninguém tem maior calado do que Rio Grande. A movimentação de cargas terá acréscimo considerável – avalia Willen Manteli, presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP).
O impacto
Como o aumento da profundidade do canal marítimo de 40 pés para 42 pés (12,4 metros para 13 metros) beneficia os negócios:
- Permite que sejam embarcadas 3 mil toneladas de soja a mais em cada navio. Em média, cada navio Panamax carrega até 57 mil toneladas do grão. Passa a receber 60 mil toneladas.
- Baixa o custo do frete marítimo. A viagem até a China, principal consumidora da soja gaúcha, está em orçada em R$ 62 por tonelada. Com mais três toneladas por navio, o valor cai para R$ 58,90.
- Torna o despacho da safra mais ágil, pois são usados menos navios. Em 2010, o Rio Grande do Sul exportará 5 milhões de toneladas da oleaginosa.
- A combinação melhora o prêmio, bônus por produtividade pago pelos importadores aos exportadores. O prêmio acresce ou diminui o preço final da saca de soja. A previsão dos terminais da Termasa e Tergrasa é faturar US$ 16 milhões a mais na safra, cerca de US$ 0,20 por saca.
- O cenário torna o porto de Rio Grande mais competitivo no cenário nacional, com maior liquidez e agilidade.
Entrada e saída
Rio Grande terá o maior calado entre São Sebastião (SP) e Bahía Blanca, com
42 pés
Bahía Blanca (Argentina) 40 pés
Paranaguá (PR) 40 pés
Santos (SP) 40 pés
Itajaí (SC) 36 pés
Buenos Aires (Argentina) 35 pés
Montevidéu (Uruguai) 30 pés
O maior calado no Brasil é o terminal da Vale no Maranhão, com
60 pés
Fonte: Associação Brasileira de Terminais Portuários

Fonte: ZERO HORA/Pioneiro/Guilherme Mazui




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